Resumo

Esta pesquisa teve como objetivo geral investigar a possível associação entre o desempenho motor, a orientação motivacional e a competência percebida em escolares. Mais especificamente buscou-se: verificar se crianças que apresentam dificuldades motoras em habilidades motoras fundamentais amplas também apresentam dificuldades em tarefas motoras específicas de motricidade fina e equilíbrio, bem como as diferenças de desempenho quanto ao sexo e as idades; investigar a competência percebida de escolares e as possíveis diferenças entre idade e sexo; investigar a orientação motivacional de escolares e as possíveis diferenças entre idade e sexo; e fazer uma associação entre as variáveis investigadas. A amostra total foi composta de 301 crianças de seis a 10 anos, alunos de duas escolas públicas, uma da cidade de Porto Alegre e outra da cidade de Cachoeirinha na região metropolitana. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram o “Teste de desenvolvimento motor grosso – Segunda edição” (TDMG-2), validado para a população do RS (VALENTINI et al, 2008); a Movement Assessment Battery for Children (HENDERSON; SUGDEN, 1992); a “Pictorial Scale of Perceived Competence and Acceptance for Young Children” (HARTER; PIKE, 1980); a “Escala de autopercepção para crianças” validada no Brasil (VALENTINI et al, 2010) a partir da escala proposta por Harter (1985); e a A “Scale of Intrisic versus Extrinsic Orientation in Classroom” (HARTER, 1980). Os resultados indicam: (1) desempenho motor pobre e muito pobre para as habilidades de locomoção e controle de objetos; e desempenho motor típico para as tarefas específicas de destreza manual, habilidades com bola e equilíbrio; (2) meninos apresentaram desempenho superior às meninas aos 10 anos para as habilidades de controle de objetos; aos oito anos para as habilidades de locomoção; aos sete, nove e 10 anos para as tarefas de habilidades com bola; (3) meninas apresentaram desempenho superior aos meninos aos nove anos para o equilíbrio; (4) nas habilidades de locomoção as meninas apresentaram queda de desempenho dos seis aos oito anos e estabilidade posterior, e os meninos evidenciaram estabilidade de desempenho a partir dos seis anos; nas habilidades de controle de objetos e nas tarefas de habilidades com bola ambos os sexos apresentaram estabilidade de desempenho a partir dos seis anos; para as tarefas de destreza manual meninos e meninas apresentaram estabilidade de desempenho dos seis aos oito anos, queda de desempenho aos nove anos e nova estabilidade aos 10 anos; para as tarefas de equilíbrio os meninos apresentaram estabilidade de desempenho dos seis aos oito anos, queda aos nove anos e melhora de desempenho aos 10 anos, e as meninas apresentaram estabilidade de desempenho dos seis aos oito anos com queda de desempenho dos oito aos 10 anos; (5) crianças que apresentaram dificuldades motoras nas habilidades motoras fundamentais amplas também apresentaram dificuldades nas tarefas específicas de motricidade fina e equilíbrio; (6) níveis moderados de competência percebida em todos os domínios investigados; (7) meninos se percebem mais competentes no domínio atlético e meninas na conduta comportamental; (8) crianças de menor idade se percebem mais competentes que crianças com idade mais avançada; (9) motivação intrínseca moderada em todas as dimensões investigadas; (10) semelhança na orientação motivacional entre meninos e meninas e também nas idades investigadas; (11) associação positiva e significativa entre a competência percebida e o desempenho motor; (12) associação positiva e significativa entre a competência percebida e a motivação intrínseca; e por fim, (13) falta de associação significativa entre a orientação motivacional e o desempenho motor. Conclui-se que as crianças em geral não estão apresentando desempenho motor adequado para a idade, e que perceber-se competente está associado à motivação de crianças para a prática e os melhores desempenhos em termos motores.

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