Resumo

Em 2008 a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo lançou a Proposta Curricular (PCESP, 2008), como uma das iniciativas do Programa São Paulo Faz Escola. A intenção era promover uma homogeneização do currículo em todo o estado inclusive com material didático próprio. Nossos objetivos foram: 1) identificar o que consta na PCESP-Ensino Médio sobre cultura corporal de movimento e Lazer, 2) identificar e analisar como os professores da Rede Estadual de Ensino de Piracicaba avaliam a PCESP e qual sua compreensão de cultura corporal de movimento e Lazer. Os problemas geradores destes objetivos surgiram a partir da vivência como professor da rede na disciplina de Educação Física. Nesta pesquisa qualitativa baseada em Minayo (1994), realizamos uma pesquisa bibliográfica, segundo Severino (2007), acerca dos conceitos de Cultura Corporal de Movimento (CCM) e de Lazer. Abordamos sete professores da rede estadual na cidade de Piracicaba, através da Entrevista centrada segundo Thiollent (1987). Analisamos o documento PC com base em Gil (1999). Perguntamos aos professores sobre sua experiência profissional, seus conceitos de CCM e Lazer, e sua avaliação da PC. Dividimos os sujeitos em três grupos, o primeiro os que permaneceram com seus conceitos anteriores e diversos aos da PC. O segundo com os que procuraram dar sentido aos conceitos. E o terceiro os que já tinham, desde a graduação, os saberes questionados. Baseamos-nos em Daolio (2004) e Marcellino (2010) para conceituar CCM e Lazer. Sendo assim, no primeiro grupo podemos identificar duas posturas, uma de rejeição da PC, como um todo, e outra de aceitação conformista, por se tratar de um documento oficial do estado. Nos segundo e terceiro grupos os conceitos foram aceitos com algumas ressalvas em sua aplicabilidade, principalmente no que tange aos temas escolhidos para os Cadernos do Aluno. Na avaliação que os professores fazem da PC, percebemos uma interligação ao conhecimento da PC e seus conceitos. Obtivemos desde respostas pouco criteriosas, como “eu não gosto” ou “eu gosto da PC”, e outras que ponderavam acerca da relevância teórica ou material da PC. Com exceção de uma professora, que afirmou o contrário, todos os outros declararam que o estado não fornecia material suficiente para as modalidades sugeridas. Apenas num tocante os entrevistados foram unânimes, eles não se sentem como construtores da PC e nem do Currículo que a sucedeu, sendo que o protagonismo do professor e do aluno era um discurso recorrente na implantação da PC. Na análise documental, percebemos algumas incoerências conceituais com relação à CCM, por se escolher determinadas práticas corporais em detrimento de outras e na distribuição dos conteúdos pelos bimestres e anos. Mas principalmente no que se refere ao conceito de Lazer, a PC traz como referência de Lazer, Nelson Carvalho Marcellino, mas utiliza no conteúdo programático outra teoria criticada pelo autor referência. Acreditamos que o caminho para uma formação continuada dos professores eficaz em seu intento já está arquitetado, pois existe a estrutura. O que falta é trilhá-lo, no sentido de tornar verdadeiramente as Aulas de Trabalho Pedagógico Coletivo, (ATPC), Orientação técnica (OT), Cursos e Programa de pós, uma rede na produção de conhecimento. Para isto é necessário mais do que vontade acadêmica, mas um programa de estado que considere o professor como um intelectual.

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