Resumo

A concepção que a pratica de atividades corporais promove saúde é bastabte disseminada e hegemonicamente aceita pela sociedade. Esta concepção não é recente ela se encontra implícita em aforismos da Antiguidade Clássica como "ginástica para o corpo e música para a alma" e "mente são corpo sao"; e também nas formulações do pensamento médico-higienista desenvolvidas a partir da consolidação da sociedade burguesa. O objetivo deste estudo é apreender o sentido do discurso da promoção da saúde pela atividade corporal (tanto a vivenciada no tempo de lazer, como também aquela tematizada pela Educação Física escolar) na sociedade contemporânea. Através de uma pesquisa teórica, caracterizamos dois modelos científicos que defendem, cada qual ao seu modo, a atividade corporal como promotora de saúde: 1º) a aptidão física moderna que se desenvolveu, no Brasil, a partir da década de 70; representa um discurso mais tradicional, pautado no positivismo filosófico, trata os temas da cultura corporal em termos de habilidades físicas e esportivas e enfatiza a concepção funcionalista de saúde como ausência de doença; 2º) a teoria da motricidade humana, discurso aparentemente inovador, baseado numa concepção holística de saúde. Para essa teoria, a Educação Física tem possibilidade de promover saúde è medida que incorpora o paradigma da complexidade (também chamado de holístico ou pós moderno). A principal fragilidade desse discurso é reproduzir aquilo que em principio, combateria- os reducionismos- especialmente ao naturalizar a história, o ser humano e adotar perspectivas internalistas de ciência. Também coletamos dados sobre o tratamento dado ao tema de nossa pesquisa por um veículo de comunicação de massa- a revista Boa forma- que aborda a atividade corporal sob o prisma do lazer, direcionando-se especialmente para o publico feminino. Esse discurso apresenta a atividade corporal e a saúde como mercadorias. Esta concepção se torna hegemônica porque, ao permanecer no plano do não evidente, ela não exclui as demais concepções, mas as incorpora à lógica do mercado. No entanto, a acentuada mercadorização da saúde e da cultura corporal não representa um fenômeno isolado, mas faz parte de um processo muito mais amplo de mercadorização da cultura e dos direitos sociais.

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