Resumo
Esta dissertação objetiva explicitar os mitos, crenças e lendas relacionadas com o sentido de sagrado, presentes no imaginário social dos brincantes ou dançantes do Bumba meu boi do Estado do Maranhão. Como referência norteadora dos traços e pistas para o manejo das técnicas do imaginário social, recorremos à análise das marcas linguísticas observadas nos discursos dos personagens do Bumba meu boi de Zabumba, por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com dez dançantes. Em seus discursos foram encontrados diferentes sentidos que representam a compreensão de sagrado, tais como tradição, sacrifício, missão. Estes sentidos se entrelaçam em uma rede imaginária que aparece no mito cosmogônico. Tempo criado e santificado pelos deuses que são ritualizados pela festa. O auto do boi, que celebra o ato sacrifical em praça pública, pela trama vivida nos personagens de Pai Francisco e Mãe Catirina, escravos da fazenda, representados por uma dupla cômica, onde o escravo toma o lugar das atenções. Mas, para renovar-se, purificar-se é necessário o sacrifício; então, morre a figura do Rei Sebastião no personagem do Boi, que depois renasce para purificá-lo. A paródia é ambivalente, e sente a sua relação com a morte, a renovação; configuração esta que vem enriquecer a nossa cultura popular, o que sugere a expansão dos conhecimentos que norteiam a ação educativa do folclore nas aulas de Educação Física, propondo uma comunhão com o Bumba meu boi. É neste universo de mitos, ritos, lendas, bem como de sagrado e profano, que se recomenda a todos os professores o estudo do imaginário, o que proporcionará uma ação educativa mais sensível, aproximando a educação de um olhar mais humano e ético que ajudará na formação de cidadãos.