Da criança insegura à referência para pessoas pretas: relato de experiência em programa de extensão universitária
Por Leopoldo Katsuki Hirama (Autor), Sueli Dias Araújo Santana (Autor), Poliana Menezes dos Santos (Autor), Cássia dos Santos Joaquim (Autor), Bruna Santana de Jesus (Autor).
Em IV Congresso Internacional de Pedagogia do Esporte - CIPE
Resumo
O judô brasileiro é ensinado predominantemente por figuras masculinas e brancas, assim como em outros espaços onde os cargos de liderança são ocupados por esta maioria. Para mulheres pretas, desde a infância, existe uma falta de referência de pessoas parecidas em papeis de poder, por exemplo professoras, trazendo o sentimento de incapacidade e falta de autoestima para conseguir conquistar e estar nesses lugares. Objetivo: Relatar a importância de referências de pessoas pretas em posições de poder para o bem-estar e perspectiva de futuro na vida de jovens e crianças. Desenvolvimento: Sou uma mulher preta, graduanda de educação física e participo como monitora de judô no Programa de Extensão Construindo Pelo Esporte na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia no Centro de Formação de Professores, localizada no município de Amargosa no interior da Bahia. Em uma aula, uma das alunas, uma criança também preta, me olhava com os olhos brilhando e dizia que eu estava muito bonita. Nesta semana havia colocado um modelo de cabelo orgânico do tipo dreadlocks, e ela começou a me elogiar o tempo todo. Depois, parando para pensar nas experiências em minha infância, onde eu tentava me encaixar dentro dos padrões brancos, e não via pessoas parecidas comigo nesses ambientes sendo minhas professoras, por exemplo, tenho consciência de que me trouxe problemas com autoestima, a ideia de me contentar com o pouco que aparecesse e o sentimento de não ter capacidade para conseguir me formar profissionalmente. Hoje, sendo professora de judô desta e de outras crianças pretas, sinto que posso ser para elas uma referência e inspiração que não tive. Sugestões: Ao incluir e dar oportunidades para pessoas pretas se qualificarem, é possível iniciar a quebra do ciclo para que crianças e jovens pretos passem a ter esperança e referências a serem seguidas.