Resumo

O projeto ‘Ginásticas’ da EMEF Cecilia Moraes de Vasconcelos, situada no Jd. Elisa Maria, Zona Norte da cidade de São Paulo teve início em 2013, no contra turno escolar e contemplava a iniciação em Ginástica Artística. O grupo, de características heterogêneas, conta com diversos alunos em situação de risco social, expostos às privações sociais, afetivas, culturais e econômicas, como coloca Chaparim(2008). As aulas eram ministradas no pátio da unidade e usávamos apenas colchões de E.V.A e caixas de salto. Aos poucos recebemos doação de colchões para as aterrisagens, construímos trampolim de pneu, trave de equilíbrio, cogumelos e um par de alças para iniciação dos exercícios do cavalo com alças. Participávamos dos eventos da Secretaria de Esportes – SEME através de seus Festivais e Desafios e das Olimpíadas Estudantis, organizadas pela Secretaria da Educação, ambas da cidade de São Paulo. Além dos ótimos resultados conquistados, os passeios atraíam os alunos e o grupo começou se fortaleceu e cresceu. Para mostrar o trabalho desenvolvido durante o ano, apresentávamos coreografias que pudessem mostrar os aprendizados individuais, buscando o protagonismo do aluno desde a sua elaboração até a apresentação final. Esse processo ganhou espaço nos treinos e, iniciou-se assim o trabalho voltado a Ginástica Geral, hoje Ginástica para Todos (GPT), que para Chaparim(2008) significa: apresentar-se em público, superar limites, expectativa de um futuro melhor, sociabilização. O caráter competitivo aos poucos foi deixado de lado, pois os alunos escolheram Festivais de GPT no lugar de Competições de Ginástica Artística. Essa modalidade, segundo Paoliello e FiorinFuglsang(2008) engloba programa de ginásticas com ou sem aparelhos, dança, e jogos, de acordo com as preferências nacionais e culturais e o mais importante é que as pessoas participem não priorizando a técnica, e sim, o prazer de praticar. Além de nos apresentarmos nos eventos da escola, nos apresentamos em diferentes eventos do SESC, inclusive os internacionais. Além dessas possibilidades de passeios e eventos que a GPT nos proporciona, nossa equipe também encaminha atletas para testes em clubes de alto rendimento. Atualmente são três os meninos treinando no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa - COTP na Ginástica Artística. Por aqui, a Ginástica e suas diferentes formas de expressão tem aberto portas para essa molecada se expressar livremente e incentivado os demais alunos a apreciá- la, conhecê-la, vivenciá-la e entendê-la como fator de mudança social e oportunidade de novas conquistas. Essas experiências são compartilhadas durante aulas de Educação Física do Ensino Fundamental I e II e nos Festivais Internos como orienta o Currículo da Cidade, “experimentar/vivenciar as múltiplas possibilidades do corpo na ginástica”, “investigar e experimentar formas de ginástica alternativas”, entre outros. Através da socialização, da sensação de pertencer e representar um grupo, do conhecimento de outras culturas, da vivência de valores humanos como apontam Paoliello e Fiorin-Fuglsang(2008), acreditamos que as diferentes modalidades de ginástica são fatores de transformação social. Por aqui isso fica claro, e é por isso que seguimos nesse caminho, no “resgate da ginástica do passado, quando as pessoas praticavam sua atividade por prazer, por alegria”. (PAOLIELLO E FIORINFULGSANG, 2008.)

Referências Bibliográficas

Chaparim, F. C. A. S. Ginástica Geral com Adolescentes em situação de risco social. In PAOLIELLO, E. (Org.), 2008, Ginástica Geral: experiências e reflexões. São Paulo: Phorte Editora. P 81-96. Curriculo Digital da Cidade de São Paulo. Disponível em: https://curriculo.prefeitura.sp.gov.br/matriz-de-saberes. Acesso em: 09/07/2019. Paoliello, E. e Fiorin-Fulgsang, C.M. Possíveis relações entre a Ginástica Geral e o Lazer. In PAOLIELLO, E. (Org.), 2008, Ginástica Geral: experiências e reflexões. São Paulo: Phorte Editora. P.97-120.