Resumo

O movimento Hip Hop surgiu na década de 1970, no bairro do Bronx, na periferia nova-iorquina, nos Estados Unidos da América. Tal proposta surgiu em prol da emancipação negra, trazendo consigo uma forte crítica social e tendo como objetivo discutir a identidade juvenil negra, combater as desigualdades sociais e estimular a reação crítica (ALVES; VOTRE, 2008). Nessa época, os jovens tinham o objetivo de protestar, buscando uma transformação política e social, muitas vezes, se expressando através de diversas manifestações como o Break, DJ, MC  e o Grafitti. No início dos anos 1990 o Hip Hop expandiu-se, saindo das periferias e conquistando outros espaços, cidades e países (COSTA, 2011). Com isso a dança ganha novos adeptos que buscam o entretenimento, sem viver a realidade dos subúrbios. Muitos desses jovens que se inseriram na modalidade eram de classe média que se identificaram com a dança, música e vestimenta, porém, não com a cultura e com a luta social, fazendo com que o Hip Hop saísse dos guetos e se manifestasse nas academias. Essa transição pode ser descrita como circularidade cultural, a qual Mikhail Bakhtin define como um relacionamento circular e com influências recíprocas entre a classe dominante e as classes subalternas, que se move de baixo para cima e de cima para baixo (GINZBURG, 1987). Sendo assim, o objetivo desta pesquisa é entender de que forma o Hip Hop foi introduzido e incorporado na cidade de Curitiba. Para isso, o presente estudo utilizou a metodologia de História Oral, que é um recurso moderno feito para produzir documentos e registros que se baseiam na experiência social de pessoas ou grupos (MEIHY E HOLANDA, 2014). Foram entrevistadas três pessoas que foram pioneiras nessa dança em Curitiba. Através dos relatos orais e, baseado na teoria de circularidade cultural, nota-se que tal movimento foi inserido na capital do Paraná pela classe média alta, instalando-se, sobretudo, nas academias e não nas periferias.