Resumo

A dança é uma das atividades mais procuradas pelos idosos, porém estudos sobre esta população e dança referem-se apenas experiências na terceira idade e não ao longo da vida. Este estudo teve como objetivo verificar se a prática da dança ao longo da vida contribui para a aderência à atividade física na velhice e se esta prática contribui para a melhoria da qualidade de vida e de condições de saúde. Também visou averiguar como estes idosos aprenderam a dançar e como eles se sentem dançando. Participaram 55 pessoas com mais de 60 anos de idade, frequentadores da Associação dos Grupos de Terceira Idade de Piracicaba (AGTIP), e moradores e frequentadores do Lar dos Velhinhos de Piracicaba, no Estado de São Paulo. Os idosos foram divididos em quatros grupos, independentemente da instituição de procedência, sendo: G1 (que dançavam, há no mínimo 39 anos consecutivos, e atualmente realizavam esta atividade por duas ou mais vezes na semana); G2 (idosos que dançavam, há no mínimo 39 anos consecutivos, e realizavam esta atividade menos de duas vezes na semana); G3 (idosos que realizavam outro exercício físico atualmente, por duas ou mais vezes na semana) e; G4 (idosos que realizavam outro exercício físico, menos de duas vezes por semana ou não realizavam exercício físico sistemático). Para verificação do nível de aderência à atividade física foi aplicado o Questionário Internacional de Atividades Físicas (IPAQ), versão curta. Foi feito também um questionário sobre a prática de atividade física que foram inseridas dentro da Ficha de Saúde. A qualidade de vida foi verificada com o uso do questionário de qualidade de vida – WHOQOL-BREF. Foram também analisadas as variáveis: escolaridade, tabagismo, etilismo e frequência de visitas ao médico através da ficha de saúde. Para os grupos G1 e G2 foram também realizadas entrevistas semi-estruturadas, com perguntas abertas sobre a dança na história de vida dessas pessoas. Os dados dos questionários foram apresentados através da estatística descritiva (frequência relativa, mediana e desvios). Para análise estatística foram aplicados o Teste de Kruskal Wallis, teste de Dunn, teste de Qui-quadrado, teste de Correlação Linear de Spearman. Os resultados deste estudo somam-se a outros achados na literatura nos quais foi estabelecida a correlação entre o nível de atividade física e a qualidade de vida de idosos. Em todos os grupos, ocorreu relação entre os aspectos físicos e sociais referente à qualidade de vida percebida, sendo que o aspecto mais prejudicado da qualidade de vida foi o do meio ambiente. Como esperado, os grupos que praticam exercício físico duas ou mais vezes por semana foram classificados como sendo os mais ativos se comparados aos outros dois grupos. Os idosos dançantes apresentaram um nível de atividade física similar aos de idosos que praticavam outros tipos de exercício físico. Pode-se concluir que a dança contribui para a aderência ao exercício físico ao longo da vida e que auxilia na manutenção desta prática na velhice. Entre dos principais motivos que levaram estes idosos a aderirem à dança estão os sentimentos positivos produzidos, o que contribui para que continuem a dançar. Outro motivo importante para a aderência é que as pessoas têm uma visão do baile e da dança, não como um exercício físico, mas sim como um evento social, e isto as incentiva a buscarem os locais onde possam participar de eventos de dança. Assim, para aumentar a adesão do idoso ao exercício físico, sugere-se que novos estudos sejam realizados que verifiquem a inserção de profissionais em bailes da terceira idade para criar propostas que tragam benefícios e um estímulo para que os idosos possam aderir à prática regular e sistemática da dança.

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