Resumo

A presente pesquisa se ateve à dança de salão enquanto atividade de lazer na sociedade contemporânea belorizontina. Através da teoria do jogo (em especial de Huizinga) e do lazer (principalmente os conceitos de Gomes) procurou-se questionar, do ponto de vista teórico, a dança de salão, o objetivo foi então entender melhor o que é dança de salão. A pesquisa de campo se constituiu por formulários e entrevistas semi-estruturadas com pessoas que vivenciam a dança de salão em academias de Belo Horizonte. O resultado da pesquisa mostrou uma série de tensões em relação à divisão de gêneros com papéis instituídos durante a dança (masculino/condutor e feminino/conduzido), dialogando também com a sociedade atual. Um ponto a ser levado em consideração é que dança de salão, ao colocar as pessoas em contato corporal direto com alguém do sexo oposto, cria um contato de intimidade. Esse contato acontece dentro do que aqui se entende por um jogo que ocorre dentro de um universo próprio permitindo aos seus jogadores se entregarem ao contato corporal íntimo com outro ser, mas que se encerra ali. A dança de salão, de maneira geral, se apresentou a este estudo como algo movido pela sociabilidade e todas as tensões que este conceito abarca, uma vez que é justamente o convívio com outras pessoas que leva seus atores a buscarem as aulas oferecidas pelas academias de dança de salão. Outro ponto, fruto dessas tensões, se refere à idéia de que esse tipo de dança não pertence nem ao universo masculino, nem ao juvenil. De forma geral, a pesquisa mostrou que isso não pode ser afirmado de forma categórica, devido às novas configurações da dança de salão que vem modificando inclusive o processo de condução, onde a mulher cada vez mais passa a ter um papel ativo neste elemento essencial da definição da dança de salão. Todos estes fatores estão intimamente ligados à invenção desse tipo de academia, do desenvolvimento técnico que a dança de salão vem sofrendo e da criação de uma dança inventada para ser elemento de prazer e sociabilidade nos salões, que agora ganha os palcos italianos. Isso cria um maior refinamento da dança que leva tanto condutor quanto conduzido a terem que fazer aulas para aprenderem as diversas danças de salão do mundo e para conseguir dançar com pessoas diversas.

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