Resumo

A história da dança do ventre costuma ser atribuída às práticas ritualísticas da Antiguidade no Oriente Médio. Essa narrativa dificilmente sustenta-se como fato histórico. Entretanto, algumas imagens desempenham papel importante ao gerar sentidos sobre essa dança enquanto manifestação expressiva na atualidade. O objetivo do artigo é investigar os principais fatores relacionados ao movimentar-se presentes na dança do ventre, levando em conta seus aspectos simbólicos e expressivos, de forma a identificar os sentidos desta dança para bailarinas e bailarinos brasileiros. O estudo segue uma orientação fenomenológica que busca descrever as imagens sobre a dança do ventre reveladas em pesquisas de campo. Narrativas associadas ao feminino são recorrentes e sugerem uma elaboração potente, que dialoga com a ancestralidade e se atualiza de forma contemporânea. A dança ganha um sentido existencial e único para quem dança, mas revela um potencial expressivo que é universal.

Referências

ARVIZU, Shannon. The politics of bellydancing in Cairo. The Arab Studies Journal, v. 12/13, n. 2/1, p. 159–181, 2004. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/27933913

Acesso em: 20 jan. 2023.

BACHELARD, Gaston. A filosofia do não; o novo espírito científico; a poética do espaço. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

BACHELARD, Gaston. A poética do devaneio. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

FREIRE, Ida Mara. Ação política e afirmativa: dança e corpo no discurso educacional sul-africano pós-apartheid. O Teatro Transcende, v. 16, n. 2, p. 30-42. Disponível em: http://dx.doi.org/10.7867/2236-6644.2011v16n2p30-42 . Acesso em: 28 set. 2022.

GIL, José. Metamorfoses do corpo. Lisboa: Relógio D’Água, 1997.

HÁLAK et al. Phenomenology is not phenomenalism. Is there such a thing as phenomenology of sport? Acta Gymnica, v. 44, n. 2, 117–129, 2014. Disponível em: http://www.gymnica.upol.cz/artkey/gym-201402-0006_Phenomenology_is_not_Phenomenalism_Is_there_such_a_thing_as_phenomenology_of_sport.php . Acesso em: 27 jun. 2022.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro: IBGE, 2007.

KARAM, John Tofik. Belly dancing and the (en)gendering of ethnic sexuality in the “mixed” brazilian nation. Journal of Middle East Women’s Studies, v. 6, n. 2, p. 86–114, 2010. Disponível em: https://doi.org/10.2979/MEW.2010.6.2.86 . Acesso em: 15 jun. 2023.

KUNZ, Elenor. Esporte: uma abordagem com a fenomenologia. Revista Movimento, v. 6,

n. 12, p. I-XIII, 2007. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/article/view/2503 . Acesso em: 27 jun. 2022.

LOPEZ, Shaun T. The dangers of dancing: the media and morality in 1930s Egypt. Comparative Studies of South Asia, Africa and the Middle East, v. 24, n. 1, p. 97–105, 2004. Disponível em: https://read.dukeupress.edu/cssaame/article/24/1/99-108/172 . Acesso em: 15 fev. 2023.

MAFFESOLI, Michel. Elogio da razão sensível. Petrópolis: Vozes, 1998.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

MERLEAU-PONTY, Maurice. O olho e o espírito. São Paulo: Cosac & Naif, 2004.

NASCIMENTO, Marcelo de Maio. Dança e conhecimento: reflexões sobre o corpo vivido. Motrivivência, v. 32, n. 62, p. 1-17, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2020e65366 . Acesso em: 15 jun. 2023.

PINTO, Paulo Gabriel Hilu da Rocha. El labirinto de espelhos: orientalismos, imigração e discursos sobre a nação no Brasil. Estudios Internacionales Mediterráneos, v. 21, p. 47-57, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.15366/reim2016.21.004 . Acesso em: 10 ago. 2022.

ŞAHIN, Christine. A slippery stage: tensions and solidarities in the Cairo cabaret. Kohl: A Journal for Body and Gender Research, v. 6, n. 1, p. 105–118, 2020. Disponível em: https://kohljournal.press/slippery-stage . Acesso em: 17 mar. 2022.

SAID, Edward. Orientalismo: o oriente como invenção do ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

SALGUEIRO, Roberta da Rocha. “Um longo arabesco” Corpo, subjetividade e transnacionalismo a partir da dança do ventre. 2012. 191 f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Departamento de Antropologia, Universidade de Brasília, Brasília. 2012.

SAURA, Soraia Chung. Culturas populares, brincar e conhecer-se. In: MEIRELLES, Renata (org.). Território do brincar: diálogo com escolas. São Paulo: Instituto Alana, 2015, p. 51–59.

SAURA, Soraia Chung; ZIMMERMANN, Ana Cristina. Gaston Bachelard: contribuições para os estudos do corpo e do movimento. In: CARDONA, Ana Cecilia Osorio; CAMARGO, Mercedes Rodríguez; MENEZES, Roni Cleber Dias. Red de educación Contemporánea en Latinoamérica tendencias latinoamericanas en investigación: volumen II. Bogotá: Universidad La Gran Colombia, 2018, p. 112-122.

SAURA, Soraia Chung; ZIMMERMANN, Ana Cristina. O espaço, o esporte e o lazer: considerações bachelardianas. In: ROZESTRATEN Artur; BECCARI, Marcos; ALMEIDA, Rogério (Orgs.). Imaginários intempestivos: arquitetura, design, arte e educação. São Paulo: FEUSP, 2019, p. 341-357.

SHAHEEN, Jack George. Reel bad arabs: how hollywood vilifies a people. The Annals of the American Academy of Political and Social Science, v. 588, p. 171-193, 2003. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/1049860 . Acesso em: 10 ago. 2022.

SHAY, Anthony. Dancing across borders: the american fascination with exotic dance forms. Jefferson: McFarland & Company, 2008.

SHAY, Anthony; SELLERS-YOUNG, Barbara (Orgs.). Belly dance: orientalism, transnationalism and harem fantasy. Costa Mesa: Mazda Publishers, 2005.

SHEETS-JOHNSTONE, Maxine. On movement and objects in motion: the phenomenology of the visible in dance. Journal of Aesthetic Education, v. 13, n. 2, p. 33–46, 1979. Disponível em: https://doi.org/10.2307/3331927 . Acesso em: 4 mar. 2022.

SHEETS-JOHNSTONE, Maxine. Thinking in movement. The Journal of Aesthetics and Art Criticism, v. 39, n. 4, p. 399–407, 1981. Disponível em: https://doi.org/10.2307/430239 . Acesso em 4 mar. 2022.

SOKOLOWSKI, Robert. Introdução à fenomenologia. São Paulo: Edições Loiola, 2004.

THOMAS, Jerry; NELSON, Jack; SILVERMAN, Stephen. Métodos de pesquisa em atividade física. São Paulo: Artmed, 2012.

TREBELS, Andréas Heinrich. Uma concepção dialógica e uma teoria do movimento humano. Perspectiva, v. 21, n. 01, p. 249–267, 2003. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/viewFile/10234/9472 . Acesso em 29 out. 2022.

VALÉRY, Paul. Degas dança desenho. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

VALÉRY, Paul. Filosofia da Dança. Tradução de Charles Feitosa. O Percevejo Online, Rio

de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 1-16, ago./dez. 2011. Disponível em: http://seer.unirio.br/opercevejoonline/article/view/1915/1511 . Acesso em: 2 fev. 2022.

WARD, Heather D. Egyptian bellydance in transition: the Raqs Sharqi revolution, 1890-1930. Jefferson: McFarland & Company, 2018.

ZIMMERMANN, Ana Cristina. Ensaio sobre o movimento humano: Jogo e Expressividade. 2010. 199 p. Tese (Doutorado em Educação) - Programa de Pós Graduação em Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação, Florianópolis, 2010.

Acessar