Resumo

Pensar a dança de salão na escola implica em abordarmos pressupostos que justificam
a dança como cultura de movimento, que se constitui na contemporaneidade como
formas de lazer, apropriação de repertório de movimentos, atividade física, meio de
socialização e, especialmente, meio de formação - formativo e performativo. Para
isso, tornou-se necessário entender: o significado fenomenológico da dança como
vivência-experiência humana; as origens e sentidos da dança de salão, que interagem
com os significados da dança em si mesma; e os limites e possibilidades da dança de
salão na escola. Para uma orientação pedagógica do ensino da dança nas escolas
deve-se esclarecer o sentido próprio da dança, também, a partir de uma análise das
relações que as pessoas têm com ela fora do âmbito puramente teatral, pois é
necessário tematizar o ser corporal, para se esclarecer o ser dançante em suas relações
com o meio, seres, objetos, sons, música, espaço, tempo, etc., e configurar-se o
momento presente (pático) da dança: vivência total que é enlevo, totalidade e
comunicação imediata, que legitima a sensação e a percepção como formas de
conhecer. Na análise das origens e sentidos históricos da dança de salão,
pudemos perceber como ela configura a história do corpo, do movimento e da
expressão, corroborando o significado do momento presente, ao mesmo tempo
situado historicamente, como registro de seu tempo. Um significado que precisa ser
percebido na análise do ensino e nas propostas teórico-metodológicas para a dança
na escola. Algumas características da dança de salão, já reveladas historicamente,
podem subsidiar a análise das suas possibilidades no ensino escolar hoje, pois
constituem "funções" que a dança propicia na via de mão dupla da dança como
formação e da formação para a dança: as possibilidades de identificação (mimese)
que a dança de salão propicia ao ser humano no contexto social, ou o momento do
encontro com o outro, do que se foge ser; o momento de encontro de pares, ou da
descontração no tempo livre; e o momento artístico, da imaginação e projeção,
onde, mesmo que sem arte propriamente dita, o ser humano liberta seu potencial
expressivo, num outro modo de ser e de se apresentar. Nos rastros dessas
considerações, pode-se questionar e projetar a dança de salão para alguns ciclos
escolares, considerando-se, especialmente, sua atratividade atual, para buscar
aproximações com sua prática como forma de arte e de experiência estética.

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