Resumo

A violência praticada por torcedores de futebol é um antigo problema de segurança pública. Embora o hooliganismo ocorra em um âmbito global, no caso brasileiro a situação ganhou contornos ainda mais dramáticos. Haja vista a primeira colocação no ranking mundial de morte de torcedores. A violência no futebol possui várias motivações, e este trabalho investigou se o consumo de bebida alcoólica pode ser considerado uma delas. Para responder tal pergunta utilizou-se uma abordagem Quali-quantitativa e diversas ferramentas de pesquisa como: entrevistas, observação, análise documental e questionários. A entrevista estruturada teve por objetivo coletar informações relativas ao tema de um Médico Psiquiatra especialista no tratamento de dependentes químicos. Na entrevista semiestruturada ouvimos dois membros de torcida organizada. A Observação in loco, ocorreu em dias de jogos do 'Campeonato Brasileiro 2013' no 'Estádio Jornalista Mario Filho' (Maracanã). A Análise documental consistiu em avaliar dados de dois momentos, pré proibição e pós proibição do consumo de bebida alcoólica. E por fim foram aplicados dois questionários a dez membros de uma torcida organizada, a fim de aferir o nível de consumo de bebida alcoólica destes indivíduos, e eventuais relações com atos de violência. Os resultados demonstraram que há relação entre o fenômeno da violência no futebol e o consumo de bebida alcoólica, sendo possível observar significativas quedas nos índices de violência após a proibição da venda e consumo de bebida alcoólica em estádios. Identificamos algumas lacunas na legislação que facilitam o processo de aproximação entre cervejarias e clientes por meio do marketing, uma vez que para efeitos de publicidade na legislação brasileira a cerveja não é considerada uma bebida alcoólica. Fato este que possibilita uma apropriação de símbolos do esporte, um apelo desmedido aos jovens, publico alvo das companhias. A maioria dos jovens avaliados, membros de torcida organizada, por sua vez se enquadraram na faixa de consumo de alto risco.

Acessar