Resumo

O objetivo central do presente trabalho é investigar as relações entre violência e futebol, partindo do princípio de que este desporto não é violento em si, ao contrário daquilo que muitas vezes transparece na espetacularização dos media e no imaginário popular. O futebol pode ser e efetivamente tem sido, uma instituição social voltada para a doutrina da não-violência . Um processo lúdico que ajuda a reeducar, uma vez que sua lógica desportiva está fundamentada na igualdade de oportunidades, no respeito às diferenças e na assimilação de regras e normas de convivência com o outro. O futebol em particular - outros desportos coletivos, também - permite uma fina sintonia entre os planos individual e grupal. Realiza a prática de um dos ideais fundadores da democracia, daquilo que os gregos clássicos (os atenienses) consideravam que era o melhor e o mais produtivo das atividades humanas: a ação deve ser sempre coletiva, mas sem excluir o brilho da iniciativa pessoal. E isto, faz-se necessário sublinhar, é um valor que o futebol procura dentro e fora dos relvados. Dentro, pela estrutura e dinâmica próprias do jogo. Fora, no estabelecimento dos laços de inserção e no sentimento de pertença a uma coletividade. A identidade individual é ritualisticamente socializada na liturgia antropológica do futebol, sem se eliminar, contudo, a delicada e necessária idiossincrasia.

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