Resumo
O estudo revela que os assistentes sociais do HPRLLP assumem importante papel na reabilitação, orientando, gerando ou mobilizando recursos à população portadora de fissura labio-palatal, de forma a viabilizar o acesso e a continuidade do tratamento, com o apoio de pais-coordenadores. Aborda como o assistente social foi construindo o seu objeto de trabalho, avaliando as dimensões da atuação desses pais, que como representantes da população com fissura, desenvolvem tarefas básicas de divulgação, apoio, mobilização e organização em suas localidades’ de origem; e analisa o seu significado no âmbito do objeto da prática da Seção de Serviço social do Hospital. O HPRLLP da USP, sendo um dos poucos recursos especializados ,no país para o tratamento dessas malformações, reflete u ma política de saúde inadequada no Brasil, que não assegura tratamento a maioria dos portadores de fissuras do pais. O Hospital, ciente dessas necessidades, tem lutado para ampliar esse atendimento a um número maior de casos. Para o estudo utilizou-se instrumentos de coleta de da dos (entrevista e questionário), aplicados a uma amostra de 39 elementos, e os dados mostraram que a atuação dos pais-coordenadores, além de atenderem aos objetivos da SSS do Hospital, garante a diversos municípios informações sobre as malformações congênitas lábio-palatais, sobre o processo de reabilitação e sobre a necessidade de atendimento imediato à criança com fissura e a seus familiares. Como consequência imediata, notou-se o aumento e posteriormente a manutenção de um alto índice de casos em tratamento. Aprofundando a investigação, evidenciou-se que esses ,pais, ao assumirem um compromisso de ajuda a outras pessoas com o mesmo problema, transformam sua angústia de ter um filho com fissura numa angústia produtiva: os clientes são transformados em agentes através da ação pedagógica dos assistentes sociais, num trabalho integrado e integrador em que o assistente social reconhece o potencial produtivo dos clientes, canalizando-o para uma ação humanista e solidária à população com fissura e de apoio ao processo de reabilitação. Esse trabalho representa um modelo participativo de valorização do potencial humano, ultrapassando a intervenção simplesmente assistencial, para uma intervenção ao plano da ação social mais ampla. É desenvolvido um projeto profissional alternativo no sentido de propiciar um trabalho aberto para a comunidade, avançando os 1imites institucionais, pautado no reconhecimento que os assistentes sociais fazem da energia solidária que existências com experiências comuns propiciam.