Resumo

DIVERSI, Marcelo; MOREIRA, Claudio. Betweener talk: decolonizing knowledge production, pedagogy and praxis. Walnut Creek: Left Coast Press, 2009. 236p.

Deparamo-nos com uma obra na qual as experiências de pesquisa, o itinerário pessoal e a atuação acadêmica em instituições norte- americanas tecem um diálogo entre dois colegas acerca da justiça social, da opressão, da colonização e, principalmente, da descolonização na produção do conhecimento. Um diálogo que discute ainda as metodologias e as ideologias que envolvem a pesquisa em ciências humanas.

A primeira conversa, disparada pela questão: por que você foi para uma universidade americana para estudar crianças de rua brasileiras?, mostra, de saída, uma preocupação ideológica com o impacto da produção do conhecimento, na realidade, daqueles que se tornam objeto de estudo. Uma produção que, como todos sabemos, pode muito bem reproduzir distorções ou preconceitos já cristalizados nas narrativas sociais dominantes. O diálogo prossegue por todo o primeiro capítulo, denominado "The Beginnings of a critical postcolonial duo"1, interpelando sobre as metodologias utilizadas no campo etnográfico, sobre o papel político da pesquisa e sobre o sentimento de outsiders tanto durante o trabalho de campo (nas ruas, por exemplo), quanto como brasileiros atuando no cenário acadêmico americano. Todo um conjunto de uma justiça social, sob o auspício de um conceito dinâmico de identidade para além dos próprios sujeitos, modelada pereflexões fortemente marcadas pela busca los espaços sociais e simbólicos onde eles vivem e atuam. Um debate que nos fez recordar os dilemas enfrentados pelo antropólogo espanhol Carles Feixa Pampols, na emblemática obraJóvenes, bandas y tribus (Feixa 2008), em suas investigações sobre jovens latino-americanos. Ao final dessa primeira parte, os pesquisadores abordam o sentimento de opressão e o poder da autoridade (de perguntar, de pesquisar, de ir a campo estudar problemas sociais...), recordando, constantemente, que o constructo teórico que produzem segue influenciado por suas memórias corporais, suas histórias pessoais e suas identidades.

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