Resumo
A presente dissertação tem como objetivo principal compreender o processo de transição de ex-jogadores de futebol profissional do período em que deixam de ser profissionais ao período em que se tornam jogadores de futebol master. Analisa como esses atletas reconstroem sua subjetividade, assim como os modos através dos quais (re)significam o ‘ser’ jogador de futebol no processo de desterritorialização e o processo de reterritorialização por eles produzido quando deixam os gramados de futebol profissional e passam a ocupar os gramados de campeonatos master. A fundamentação teórico-metodológica está ancorada no campo da história oral, tendo como fonte privilegiada a realização de seis entrevistas com jogadores do Esportivo Master, clube no qual repousa a análise aqui empreendida. Além desse campo, a etnografia foi inspiração para a captação de informações, como um diário de campo, fontes imagéticas e documentais, e o acompanhamento do Campeonato Gaúcho de Futebol Master desde o ano de 2009. Busca-se apoio, sobretudo, em alguns dos conceitos trabalhados por Michel Foucault acerca do processo de subjetivação e de Gilles Deleuze no que diz respeito ao processo de desterritorialização e reterritorialização, conceitos tomados de empréstimo para discutir o processo vivido pelos referidos jogadores. São sujeitos dotados de uma subjetividade futebolística em constante transformação. Trata-se de uma subjetividade (re)construída ao longo dos anos em que atuaram nos gramados e que, de algum modo, continua existindo e em processo de construção, sendo reterritorializada constantemente. Não se trata, apenas, de uma reprodução adaptada do mundo futebolístico profissional, mas de outro universo possível dentro desse mesmo mundo da bola. Reconhece-se que foram levantadas muitas questões neste estudo e que todas elas merecem uma atenção especial. Entretanto a intenção não é colocar um ponto final no assunto, mas inserir reticências, acreditando que muitas outras pesquisas possam apontar nesse sentido.