Resumo
É tempo de começar. Ou seria melhor dizer, “de recomeçar”?
Assim como Paulinho da Viola penso que “meu tempo é hoje”. Não gosto de saudosismo, não me prendo a coisas do passado, tampouco nego aquilo, que ao resistir aos solavancos da vida, sobrou pra me ensinar.
Passado um pesadelo que parecia não ter fim, acordo para um tempo que chama para o prefixo re: refazer, reorganizar, reestruturar, rever, recomeçar. Isso quer dizer que não será preciso partir do zero, porque um dia isso já foi feito. O que urge agora é voltar a acontecer, e não sobre terreno virgem, mas entre escombros daquilo que já foi.
Vejo com absoluto pesar às cenas de destruição provocadas pela Guerra da Ucrânia. É uma insanidade pensar que em pleno século XXI ainda as pessoas poderosas do planeta sejam incapazes de se entender pelo diálogo e resolvam suas diferenças pela força. Uma força irracional que envolve a violência, a destruição e a morte.
Há ainda outras formas de violência que não necessariamente levam o nome de guerra, mas produzem efeitos tão danosos quanto. A violência provocada pela intolerância, pela disseminação da mentira ou pela incapacidade de lidar com o adverso mostrou seus desdobramentos nos últimos dias e pede ações imediatas.
Incêndios de grandes proporções demoram tempo para ser apagados. Depois de debelar as grandes labaredas é necessário revolver os escombros, buscar os focos que ainda ardem e ao menor contato com o oxigênio voltam a se inflamar. E dias e dias depois ainda persiste a fumaça e o cheiro do que foi queimado. Só então começa o trabalho de rescaldo. E pouco a pouco se vê o que é possível salvar do estrago. Algumas peças, fragmentos de grandes obras ou nada.
Entendo que no processo de rescaldo político que vivemos há muito o que se resgatar de processos bem-sucedidos do passado. Não partimos de uma página em branco e nem tudo foi perdido nas sombras dos últimos anos. E entendo que o melhor caminho seja mesmo focar no necessário esforço de reconstrução que não está centrado apenas na organização material do país que queremos ter, mas principalmente nas relações sociais que precisamos desenvolver.
O trabalho está apenas iniciando. E é com esse espírito que volto a escrever.
De volta ao começo.
