Declínio funcional e prática de exercícios físicos entre pessoas idosas durante a pandemia por Covid-19
Por Marisete Peralta Safons (Autor), Fabiana Medeiros de Almeida Silva (Autor), Marisete Peralta Safons (Autor).
Em XIX Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
O declínio funcional representa o principal determinante de desfechos negativos na saúde de pessoas idosas, como o desenvolvimento de outras incapacidades e piora funcional, institucionalização, hospitalização e morte. Apesar da prática regular de exercícios físicos ser recomendada por beneficiar a funcionalidade global, seu baixo nível é altamente prevalente entre pessoas idosas e pode ter aumentado durante o distanciamento físico decorrente da pandemia por covid19. Objetivo: Identificar a prevalência de declínio funcional e analisar a associação com a prática de exercícios físicos entre pessoas idosas durante a pandemia por covid-19. Métodos: Foi realizada uma pesquisa epidemiológica, do tipo screening, com delineamento transversal e amostra representativa do Distrito Federal, Brasil. Os dados foram coletados através de um questionário eletrônico. O declínio funcional foi estabelecido pelo Índice de Vulnerabilidade ClínicoFuncional (IVCF-20). Para análise dos dados foram utilizados procedimentos descritivos (distribuição de frequência) e de associação (regressão logística binária bruta e ajustada), com p≤ 0,005. Resultados: Foram analisados os dados de 1.363 pessoas idosas (66,0% do sexo feminino e 34,0% do sexo masculino), com idade a partir de 60 anos, sendo mais frequente entre 60 e 74 anos de idade (82,2%), com nível superior de escolaridade (50,1%), que não moravam sozinhos (76,6%), com autopercepção de saúde excelente/muito boa/boa (75,5%). Verificou-se maior proporção de pessoas idosas praticantes de exercícios físicos antes do distanciamento físico (69,8%; IC95% 67,4-72,2) e não praticantes durante esse período (53,4%; IC95% 50,8-56,0). A prevalência de declínio funcional foi de 57,7% (IC95% 55,1-60,3). Na análise de associação, o declínio funcional foi associado à ausência de exercícios físicos (<2x/semana e <30 minutos), tanto entre aqueles que não praticavam antes (OR=1,69; [1,32-2,17]; p=0,000) quanto aqueles que não praticavam durante (OR= 2,31; [1,84-2,90]; p=0,000) o distanciamento físico. Conclusões: A prevalência de declínio funcional na amostra investigada mostrou-se elevada, sendo associada à ausência de exercícios físicos. Os achados sinalizam a relevância e potencial da prática de exercícios físicos para pessoas idosas na contribuição para a melhoria funcional e condições de saúde. Portanto, são necessárias estratégias de manutenção de hábitos ativos, mesmo em períodos de distanciamento físico como imposto pela pandemia por covid-19.