Resumo
O objetivo desta pesquisa foi propor uma classificação do desenvolvimento motor para crianças com deficiência mental. Para isso, o trabalho foi realizado em duas etapas. Primeiramente fez-se um estudo exploratório com uma população de 100 crianças de 6 a 11 anos com deficiência mental, matriculadas em escolas especiais da região da Grande Florianópolis/SC. Destas, 65 crianças fizeram parte da amostra e foram avaliadas através dos seguintes instrumentos: Questionário Biopsicossocial; Escala de Desenvolvimento Motor – EDM; Escala de Inteligência Wechsler para Crianças – WISC-III e Protocolo de Avaliação do Comportamento Adaptativo. Paralelamente, foi feito um acompanhamento do desenvolvimento motor de 4 crianças com deficiência mental, que receberam intervenção psicomotora durante 2 anos, sendo reavaliadas pela EDM a cada 6 meses. Os resultados encontrados mostram que diversos aspectos biopsicossociais constituem fatores de risco para a deficiência mental, como idade materna (precoce ou tardia), intercorrências gestacionais, complicações perinatais e nível sócio-econômico baixo, dentre outros. Com relação aos aspectos motores e cognitivos, encontrou-se forte correlação estatística positiva entre desenvolvimento motor e deficiência mental, sugerindo interdependência entre as duas variáveis. Observou-se evolução no desenvolvimento motor das quatro crianças que receberam intervenções psicomotoras, tanto nos aspectos quantitativos, como qualitativos. A proposta de classificação motora para deficientes mentais prevê subclassificações no nível “muito inferior” da EDM, demonstrando uma aplicação útil, viável e recomendável para essa parcela da população. A principal finalidade desta classificação é auxiliar pais e profissionais no direcionamento de suas atividades e intervenções com cada criança, pois possibilita a detecção das limitações e das potencialidades de cada indivíduo.