Resumo

Vivemos uma época de poucas certezas, de muito desânimo em relação à sociedade, à política, à ação humana e seu poder. A fragilidade dos sentidos coletivamente instituídos prolonga e intensifica o vazio e o isolamento em que o cotidiano mergulha cada um. Mas o mais grave no ceticismo contemporâneo não é a descrença em relação aos sentidos que mantêm o mundo comum e cada existência privada sob a terra: é também e sobretudo a renúncia ao que dá à existência humana sua originalidade. Para todos os viventes, o que se pode chamar de "sentido" da existência se esgota na pura funcionalidade. Somente o humano escapa às regras da funcionalidade e se autonomiza em relação à finalidade de preservação e reprodução: por isso, os sentidos por ele criados têm finalidades que vão muito além da simples sobrevivência.

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