Integra

Aprendamos a descobrir e realizar o que a técnica tem por dentro e ocasiona por fora. 
Ela é instrumental e metafísica: leva-nos além do que somos, mediante  a excelsitude da vontade. E é salvífica: possibilita a libertação e sublimação da animalidade; e faz de nós seres artísticos, membros da Humanidade. 

Nunca teremos a tecnicidade suficiente para a edificação e expressão da sensibilidade. Nas reações, nos gestos e nos verbos da gramática da convivialidade ficaremos sempre reféns da insuficiência e precariedade. Percebes, ó professor e treinador, a tua função e responsabilidade?! Ensina bem, o melhor que seja possível; mesmo assim será aquém da necessidade. Sem técnica não se concretiza a ética, nem a estética atinge o cume da sublimidade. As três estão interligadas por profunda cumplicidade.

Não olvidemos que a imitação é a pedra angular da educação. Ninguém nasce sabido e vivido; mas traz consigo a aptidão de aprender. Um faz, o outro observa e faz também. A obra nasce da imitação e do desejo de superação. Por isso os professores e treinadores têm que fazer bem feito; no ser, no dizer e no agir têm poisados em si olhos que os veem e julgam como matriz, referência e padrão de realização. A fronteira entre admiração e reprovação cabe entre os dedos da mão. Como evitar a segunda? 

Usem os professores palavras e atitudes aladas, de encantamento e maravilhamento, convidativas a sonhar outra existência, a recusar o chão do nada, a levantar voo, a viajar até às estrelas. Encham de deslumbramento a curiosidade dos alunos, incendeiem-lhes o coração e a alma com o fogo da verdade transcendente. Podem crer, se lhes mostrarem as cores da beleza, não mentirem e enganarem, eles vão conseguir andar sobre as águas, atravessar o deserto, chegar ao topo das montanhas íngremes e tocar o céu.

16.06.2025
Jorge Bento