Resumo

O desempenho em corridas de 10 km (v10km) se correlaciona com velocidades pico de
corrida durante um teste de VO2max (Vpico) e ao limiar ventilatório (vLV). No entanto, a relação entre a velocidade de corrida correspondente ao ponto de compensação respiratória (vPCR) e v10km ainda não está bem estabelecida. Fisiologicamente, a vPCR indica a capacidade de tamponamento sanguíneo, o que indica que exercício realizados acima da vPCR podem induzir acidose, trazendo alterações metabólicas prejudiciais ao desempenho. Porém, nenhum estudo investigou o comportamento do estado ácido-base sanguíneo em corredores submetidos à exercício em carga constante referente à vPCR. A forma com que os corredores distribuem suas velocidades ao longo da corrida também é importante para o desempenho. Em corridas de 10 km, grande parte dos estudos mostra que a estratégia adotada em eventos de longa duração se caracteriza por uma estratégia em forma de U. No entanto, nenhum trabalho comparou a estratégia de corrida com valores de vPCR. Um dos objetivos do presente estudo foi investigar o potencial da vPCR como preditor de desempenho e estratégia de corrida em 10 km e associar a estratégia de corrida adotada durante esse evento aos parâmetros ventilatórios encontrados no teste de esforço máximo (vLV, vPCR e Vpico). Paralelamente, buscamos observar a tolerância dos atletas e o comportamento de parâmetros relacionados ao estado ácido-base sanguíneo em quatro intensidades de exercício constante em esteira ergométrica. Participaram do estudo doze corredores recreacionais (R) e dezenove de elite (E) especializados em corridas de 10 km. Os corredores realizaram um teste de 10 km contra relógio em pista de 400 m para a determinação da v10km, um teste de esforço máximo para a determinação da vLV, vPCR e Vpico e um protocolo de carga constante. Todos participantes do grupo R realizaram aleatoriamente quatro corridas de, no máximo, 10 km nas intensidades vLV, vPCR, a 25% da diferença entre vPCR e Vpico (vV1) e Vpico. Os corredores do grupo E realizaram apenas uma corrida referente à vV1. No protocolo de carga constante, amostras de sangue capilar foram coletadas para análise do pH (bpH), lactato (bLac) e potássio (bK+) e HCO3- (bHCO3-) sanguíneos. Todos os protocolos foram realizadas com, pelo menos, 72 horas de recuperação. O ritmo de corrida dos atletas nos 10 km na pista correlaciona-se fortemente com vPCR (R2=0,92) e todos são capazes de completar 10 km na esteira ergométrica nessa velocidade. Todos os corredores recreacionais completaram 10 km nas intensidades vLV e vPCR, sem alterações no bpH. Na intensidade vV1, três corredores recreacionais e nove de elite foram capazes de completar 10 km sem alterações no bpH. Quedas significativa no bpH foram observadas nos corredores que não completaram 10 km em vV1 e Vpico. Em conclusão, nossos dados sugerem a manutenção do bpH como fator chave para a sustentação do exercício de 10 km em carga constante. Além disso, reforçam a vPCR como uma intensidade de exercício "segura¿ para o estratégias de corrida em 10 km.
 

Acessar Arquivo