Desenvolvimento Longitudinal do Andar Para Frente e Para Trás: Impacto da Restrição Ambiental
Por Adriana Inês de Paula (Autor), Eliane Mauerberg de Castro (Autor), Marcia Valéria Cozzani (Autor).
Em Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano v. 8, n 4, 2006. Da página 73 a -
Resumo
O objetivo desse estudo foi verificar através de observações longitudinais o desenvolvimento e a emergência do andar para frente e para trás de bebês, através da organização de seus aspectos temporais. Ainda, verificar o impacto da restrição ambiental gerada por diferentes tipos de superfícies (piso duro e colchão) sobre as variáveis temporais da marcha dos bebês. Sete bebês foram recrutados para participar deste estudo a partir do momento que conseguiam andar com apoio até o início do andar independentemente para frente. Eles foram filmados quinzenalmente, andando para frente e para trás sobre as duas diferentes superfícies. A organização temporal incluiu: fase relativa inter-membros, duração dos ciclos da passada, duração das fases dos ciclos (balanço e duplo suporte) e seus respectivos desvios-padrão, indicadores da variabilidade do sistema. Os resultados confirmam que o desenvolvimento do andar, tanto para frente como para trás, seguem uma linearidade e, na fase de transição ocorre um aumento da variabilidade da fase relativa e na duração da fase de duplo suporte. O andar para trás demanda menos alterações na organização temporal do que o andar para frente, apresentando apenas aumento na duração da fase de balanço. A restrição ambiental (i.e., superfície colchão) não foi suficientemente perturbadora para a variável duração do ciclo a ponto de desestabilizar o sistema, mas foi capaz de aumentar a duração da fase de duplo suporte e sua variabilidade. Concluímos que o relacionamento de fase inter-membros do bebê é semelhante ao encontrado no andar maduro. A variabilidade diminuiu com a experiência na tarefa de andar, tanto para frente como para trás (exceto na fase de transição do andar independente para frente).