Resumo
Desde a entrada efetiva dos profissionais da psicologia nas equipes esportivas, estes se depararam com as demandas de avaliação dos sujeitos envolvidos neste contexto, em especial os atletas. Com isto, a necessidade de contarem com instrumentos de avaliação psicológica, capazes de auxiliá-los nessa tarefa, tem se mostrado cada vez mais imperativa. No entanto, a carência de instrumentos válidos impõe-se como importante limitação a estes profissionais. Esta carência constitui ao mesmo tempo um desafio à psicologia, bem como um campo de investigação ainda em aberto para os pesquisadores da área. Desde a década de 70 foi desenvolvida no Brasil, por Ryad Simon, uma escala para a avaliação da eficácia adaptativa, conhecida como Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada (EDAO). Baseia-se na concepção de que a eficácia adaptativa corresponde à capacidade do sujeito de enfrentar as vicissitudes da vida. Os dados sobre o sujeito são obtidos por meio de entrevista clínica. A EDAO já demonstrou evidências de validade para diferentes estratos da população clínica e não clínica. Uma versão de autorrelato, para avaliar a eficácia da adaptação de pacientes de clínicas comunitárias, está em desenvolvimento e tem sido provisoriamente identificada pelo acrônimo EDAO-AR. Propõe-se nesta pesquisa o desenvolvimento de uma versão da EDAO-AR para avaliação de atletas, bem como a verificação de algumas de suas evidências de validade. A pesquisa se desenvolveu em duas etapas: a) adaptação da EDAO-AR e construção de novos itens; análise de conteúdo por juízes (especialistas); e análise semântica dos itens por atletas de diferentes modalidades e diferentes níveis de escolaridade; b) estimativa da consistência interna dos itens distribuídos por fator e para a escala total, avaliada por coeficientes alfa de Cronbach, foram também avaliados os índices MSA e KMO, e por fim, verificadas as dimensionalidades das escalas por meio de análise fatorial exploratória. A amostra foi composta por 219 atletas das seguintes modalidades: Atletismo, Basquete, Futsal, Natação, Rugby e Vôlei inscritos em suas respectivas instituições federativas sob a categoria juvenil e adulta. Considerando que a adaptação dos sujeitos é verificada a partir da adequação apresentadas nos setores Afetivo Relacional (AR) e Produtividade (Pr), os itens foram construídos e avaliados de forma separada, tomando cada conjunto de item um como um instrumento diferente. A escala final ficou constituída por 41 itens divididos em 19 para avaliação do setor AR e 22 para avaliação da Pr. Os resultados demonstram que tanto a escala AR quanto a Pr avaliam a qualidade da adaptação de acordo com três dimensões: Autocontrole – Relações interpessoal e Enfrentamento. Sugere-se a necessidade de desenvolvimento de novos itens para a escala AR a fim de alcançar maiores índices de consistência interna para escala geral, bem como para os respectivos fatores. Por fim, destaca-se a necessidade de utilização de ambas as escalas para avaliação da configuração adaptativa de atletas.