Resumo

A prática de atividade física (AF) apresenta desigualdades relacionadas a marcadores sociais, como gênero, raça/cor da pele e nível socioeconômico. Durante a vida adulta, observa-se queda nos níveis de AF. OBJETIVO:Analisar desigualdades na prática de AF segundo gênero, raça/cor da pele e nível socioeconômico entre 18 e 22 anos na Coorte de Nascimentos de 1993 de Pelotas (Brasil), considerando acelerometria e AF no lazer. Também, explorar interseções entre marcadores sociais por meio de um índice de injustiça social.MÉTODOS:A AF foi avaliada aos 18 e 22 anos por acelerômetros (AFMV, min/semana) e questionário de AF no lazer (min/semana; prevalência ≥150 min/semana). As desigualdades unidimensionais foram estimadas por medidas de diferença e razão, além do Índice de Inclinação da Desigualdade e do Índice de Concentração. O Índice de Injustiça Social combinou gênero, raça/cor da pele e nível socioeconômico para avaliar desvantagens acumuladas.RESULTADOS: Entre 18 e 22 anos, a AFMV reduziu de 265,9 para 147,0 min/semana, e a AF no lazer, de 203,8 para 152,2 min/semana. A prevalência de cumprimento das recomendações caiu de 41,2% para 31,2%. Houve redução das desigualdades absolutas, principalmente por maiores quedas entre grupos inicialmente mais ativos. Homens permaneceram mais ativos do que mulheres, e pretos e pardos apresentaram maior AFMV que brancos. A AFMV foi mais elevada nos grupos de menor nível socioeconômico, mas a desigualdade relativa aumentou. Por outro lado, a AF no lazer foi mais frequente em grupos de maior nível socioeconômico, com ampliação das desigualdades. A análise interseccional mostrou redução de desigualdades absolutas e relativas entre grupos privilegiados e desfavorecidos.CONCLUSÃO:O declínio da AF em todos os grupos evidencia a importância de múltiplas abordagens de mensuração. As desigualdades persistentes reforçam a urgência de políticas que enfrentem barreiras estruturais e ampliem o acesso equitativo à prática de AF.