Resumo

A prática de atividade física é essencial para a promoção da saúde e prevenção de doenças. Entretanto, o acesso a essas práticas ainda é profundamente afetado por desigualdades sociais, que geram barreiras estruturais e limitam oportunidades para determinados grupos populacionais. OBJETIVO: Verificar a prevalência de atividade física e desigualdades por escolaridade entre adultos brasileiros. MÉTODOS: Estudo transversal, de base populacional, com dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas Não Transmissíveis por Inquérito Telefônico, 2023. A amostra incluiu adultos (≥18 anos) residentes em domicílios com telefone fixo ou móvel. A variável desfecho foi a prática de atividade física em pelo menos 150 minutos semanais. A escolaridade foi utilizada como proxy de desigualdade social, categorizada em anos de estudo (0 a 8, 9 a 11, e ≥12 anos de estudo). Foram realizadas análises brutas e ajustadas (por sexo, idade e estado civil) através da regressão de Poisson com variância robusta para estimar razões de prevalência (RP), considerando os pesos amostrais complexos do inquérito. RESULTADOS: A prevalência de atividade física foi 63,0%. Na análise bruta, houve associação entre atividade física e escolaridade (RR: 1,12; IC95%: 1,09 - 1,12). Na análise ajustada observou-se que indivíduos com maior escolaridade apresentaram um risco 10% maior de praticar atividade física (RR: 1,10; IC95%: 1,04-1,07), quando comparados àqueles com menor escolaridade. CONCLUSÃO: Observou-se que, indivíduos com menor escolaridade apresentam menor prevalência de atividade físicas, sugerindo desigualdades sociais persistentes. Tais achados reforçam a necessidade de políticas públicas intersetoriais que ampliem o acesso e estimulem a prática de atividade física, especialmente entre os grupos socialmente mais vulneráveis. Investir em ações equitativas pode contribuir para a redução dessas desigualdades e para a melhoria dos indicadores de saúde da população.