Desigualdades no acesso aos espaços públicos para atividade física no brasil
Por Werner de Andrade Müller (Autor), Andrea Wendt (Autor), Sueyla Ferreira da Silva dos Santos (Autor), Inácio Crochemore-Silva (Autor).
Resumo
Objetivo: explorar as desigualdades e interseccionalidades no acesso aos espaços públicos para atividade física (EPAF) em adultos brasileiros. Métodos: dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 (61.419 participantes maiores de 18 anos). Foi questionado sobre a existência de lugares públicos, como praça, parque, rua fechada ou praia, para caminhada, exercício ou prática de esporte, próximos das residências dos respondentes. As desigualdades avaliadas incluíram gênero, cor da pele e quintis de riqueza. Interseccionalidades foram mensuradas utilizando o Jeopardy Index. Utilizou-se diferença para dimensões binárias e índice absoluto de desigualdade para dimensões ordinais, expressas em pontos percentuais (p.p.), por unidades da federação. Resultados: a prevalência de EPAF próximos das residências foi de 56,2% (IC 95%: 55,2; 57,2), variando de 38,0% (IC 95%: 35,3; 40,8) a 78,5% (IC 95%: 69,3; 77,8) nos 27 estados brasileiros. Desigualdade de gênero não foi significativa. Desigualdade socioeconômica foi observada em todo o país, com indivíduos mais ricos percebendo até 34,4 p.p. de EPAF a mais do que os mais pobres, variando de 15,5 a 40,2 p.p. nos estados. Comparando mulheres, pretas/pardas e mais pobres com homens, brancos e mais ricos, a desigualdade acumulada de percepção de EPAF atingiu 31,3 p.p. Apenas três unidades federativas apresentaram lacunas de desigualdades menores (disparidades entre 15 p.p. e 20 p.p.). Conclusões: a percepção de acesso aos EPAF apresenta distribuição desigual no Brasil, principalmente para os mais pobres e residentes em alguns estados. Políticas públicas devem promover espaços públicos de lazer para regiões e grupos mais vulneráveis em todo o país.