Resumo

04/02/2020
O objetivo deste estudo foi determinar a velocidade pico (Vpico) em campo/pista de atletismo a partir de um protocolo já estabelecido em laboratório/esteira, verificando a sua reprodutibilidade, bem como suas correlações com a performance de corrida de 10 km em corredores de diferentes níveis de desempenho. Além disso, foi verificada a sua aplicabilidade para prescrição e monitoramento do treinamento de endurance em corredores. Para a determinação da Vpico e sua reprodutibilidade no campo/pista de atletismo participaram do estudo 39 corredores de endurance do sexo masculino com idades entre 18 e 35 anos, divididos em dois grupos: G1 corredores treinados que completaram os 10 km de corrida com tempo entre 30 e 37 minutos e G2: corredores recreacionais que completaram os 10 km com tempo entre 45 e 60 minutos. A Vpico foi determinada por um teste incremental de corrida em campo/pista de atletismo realizado em três momentos a fim de se determinar sua reprodutibilidade e também em laboratório/esteira para comparação com a Vpico determinada em campo/pista de atletismo e verificar sua correlação com a performance de corrida. Além disso, foi realizada uma performance de corrida de 10 km em pista oficial de atletismo (400 m) para verificar sua correlação com a Vpico determinada em campo/pista de atletismo e laboratório/esteira. Para o treinamento sistematizado de endurance participaram 23 homens corredores recreacionais com idades entre 18 e 35 anos. Os participantes foram divididos em dois grupos: GT: grupo que realizou cinco semanas de treinamento prescrito pela Vpico e seu respectivo tlim e GT: grupo que manteve sua rotina habitual de treinamento não sistematizado durante o mesmo período. oi realizado um teste incremental máximo em laborat rio esteira rolante para determinação do V 2max e vV 2max e três testes na pista oficial de atletismo para determinação da Vpico e seu respectivo tlim, e uma performance de corrida de 5 km. Todas as avaliações iniciais também foram realizadas após o período de treinamento. A normalidade dos dados foi verificada pelo teste de Shapiro-Wilk, as variáveis estão apresentadas em média ± desvio padrão (DP). As variáveis do teste e reteste (teste pista 2 e 3) foram comparadas através do teste t de Student para amostras dependentes. Para análise da reprodutibilidade foram calculados os coeficientes de correlação intraclasse (CCI - dois fatores mistos; medidas únicas) e correlação de Pearson (r), o erro padrão da medida (EPM) e o coeficiente de variação (CV). As variáveis dos testes para determinação da Vpico em campo/pista de atletismo e em laboratório/esteira foram comparadas através da e ANOVA mista de medidas repetidas seguida pelo post hoc de Bonferroni, assim como as comparações entre os momentos pré e pós-treinamento para os dois grupos experimentais. As relações entre as performances de corrida e a Vpico e vV 2max foram demonstradas pelo coeficiente de correlação de Pearson (r). Para todas as análises foi adotado um nível de significância de P < 0,05. Os resultados demonstraram que os valores da Vpico foram diferentes entre os protocolos de laboratório/esteira e campo/pista de atletismo para G1 (19,2 ± 1,5 vs. 18,1 ± 1,2 km·h-1, respectivamente) e para o G2 (15,0 ± 0,9 vs. 14,2 ± 0,6 km·h-1, respectivamente). Não foi observada diferença para as demais variáveis determinadas nos testes incrementais (campo/pista de atletismo e laboratório/esteira) intra e intergrupos, e foi observada correlação para ambos grupos entre a Vpico e a performance de corrida de 10 km. Além disso, a Vpico se mostrou reprodutível para ambos os grupos apresentando um elevado CCI (0,75 a 0,99), um baixo EPM (0,16 a 0,33 km·h-1) e CV (0,14 a 2,35 %). As variáveis duração do teste, FCmax e PSEmax também foram reprodutíveis exceto o LApico pós-exercício. Houve efeito do treinamento para GT nas variáveis: Vpico (16,7 ± 1,2 vs. 17,6 ± 1,5 km·h-1, respectivamente , vV 2máx (13,4 ± 1,4 vs. 14,1 ± 1,4, respectivamente), performance de corrida de 5 km (24,5 ± 2,7 vs. 23,0 ± 2,9 min, respectivamente). Conclui-se que a Vpico é influenciada pelo local em que é determinada (laboratório/esteira vs. campo/pista de atletismo) e o protocolo para sua determinação em campo/pista de atletismo se mostrou reprodutível para corredores de diferentes níveis de treinamento. Além disso o treinamento prescrito pela Vpico e seu respectivo tlim determinados em campo/pista de atletismo se mostraram-se efetivos para promover melhoras na performance de corrida de endurance em corredores recreacionais. Assim, sugerimos o uso da Vpico determinada em campo/pista de atletismo para avaliar, prescrever e monitorar o treinamento de endurance de corredores devido à sua fácil aplicabilidade, pois se aproxima mais da realidade dos corredores que treinam e competem em campo/pista de atletismo ou em rua.

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