Determinação dos Limiares Ventilatórios Por Diferentes Procedimentos Matemáticos em Indivíduos com Diferentes Níveis de Treinamento Aeróbio
Por D. A. Massini (Autor), R. A. C. Caritá (Autor), C. C. Greco (Autor), Benedito Sérgio Denadai (Autor).
Resumo
A determinação dos limiares ventilatórios (LV1 e LV2) é sensível aos procedimentos matemáticos adotados em sua determinação, o que não ocasionalmente pode fornecer parâmetros de intensidade com tendência a sub- ou superestimar a demarcação de zonas de treinamento. O objetivo deste estudo foi comparar a relação fisiológica entre três métodos de análise de LV1 e LV2, entre indivíduos sedentários e treinados, em diferentes ergômetros. Quarenta e um homens foram agrupados em ciclistas treinados (ECn=13: 25,9±4,6 anos; 174,5±8,1cm, 70,6±8,5kg; VO2max = 63±7,8 ml.kg-1.min-1) e ciclistas sedentários (UC- n=6: 28,3±3,9 anos; 178,1±5,8cm; 85,4±8,2kg; VO2max = 48,0±5,2 ml.kg-1.min-1) testados no cicloergômetro; e corredores treinados (ER- n=13: 15,8±1,7 anos; 170,0±10,7 cm; 58,0±11,7kg; VO2max = 56,0±5,3 ml.kg-1.min-1) e corredores sedentários (UR- n=9: 29,0±7,5anos; 174,4±7,5cm, 82,0±14,2kg; VO2max= 42,0±6,2ml.kg-1.min- 1) testados na esteira. Os indivíduos realizaram o seguinte teste: 1) EC e UC realizaram um teste progressivo de rampa (5W a cada 12s) no cicloergômetro; e 2) ER e UR realizaram um teste progressivo de rampa na esteira (1,0 km.h-1.min-1), ambos até a exaustão voluntária para a determinação de LV1 e LV2. Os procedimentos matemáticos foram: Vslopetradicional (regressão bi-linear), V-slope45o (tangente 45º do ajuste exponencial) e Inspeção Visual (análise das relações VE/VCO2, VE/VO2, PETCO2, PETO2 vs. tempo). Pelos métodos V-Slope, GET e PCR foram determinados pelas relações VO2 vs VCO2 e VE vs. VCO2, respectivamente. A diferença entre métodos por grupo foi verificada por Anova (uma entrada, e Bonferroni como post-hoc, adotando p<0,05). Não foram observadas diferenças entre os procedimentos matemáticos para EC e UC, tanto em LV1 como LV2 no cicloergômetro. Entretanto, ER apresentaram diferentes valores de LV2 (p=0,036) entre o método de Inspeção Visual (85,3±3,3 %VO2max) e V-slopetradicional (80,4±6,2 %VO2max). Para UR verificou-se diferenças entre todos os métodos. Ou seja, em LV1, o método de Inspeção Visual (74,4±6,2 %VO2max) diferiu-se de V-slopetradicional (61,3±12,0 %VO2max; p=0,041) e de V-slope45º (45,4±10,9 %VO2max; p<0,01), bem como estes dois diferiram entre si (p<0,01). Em LV2, apenas o método de Inspeção Visual (91,4±1,9 %VO2max) diferiu-se dos outros métodos (Vslopetradicional: 81,4±8,6 %VO2max; p=0,047; e V-slope45º: 80,8±9,8 %VO2max; p=0,028). Dessa forma, verificou-se que as respostas em cicloergômetro são mais estáveis entre os métodos, devido à menor variação da eficiência mecânica entre EC e UC. Contudo, na esteira, a economia de movimento parece influenciar significantemente o perfil oxidativo, intensificando as diferenças em UR, pelo padrão de inclinação do VO2 acima de LV2. Portanto, sugere-se que o método de Inspeção Visual seja um procedimento de referência, por adotar as respostas gasosas características da interação entre os metabolismos oxidativos e glicolítico ao longo do tempo, em um teste de rampa.