Resumo

A determinação dos limiares ventilatórios (LV1 e LV2) é sensível aos procedimentos matemáticos adotados em sua determinação, o que não ocasionalmente pode fornecer parâmetros de intensidade com tendência a sub- ou superestimar a demarcação de zonas de treinamento. O objetivo deste estudo foi comparar a relação fisiológica entre três métodos de análise de LV1 e LV2, entre indivíduos sedentários e treinados, em diferentes ergômetros. Quarenta e um homens foram agrupados em ciclistas treinados (ECn=13: 25,9±4,6 anos; 174,5±8,1cm, 70,6±8,5kg; VO2max = 63±7,8 ml.kg-1.min-1) e ciclistas sedentários (UC- n=6: 28,3±3,9 anos; 178,1±5,8cm; 85,4±8,2kg; VO2max = 48,0±5,2 ml.kg-1.min-1) testados no cicloergômetro; e corredores treinados (ER- n=13: 15,8±1,7 anos; 170,0±10,7 cm; 58,0±11,7kg; VO2max = 56,0±5,3 ml.kg-1.min-1) e corredores sedentários (UR- n=9: 29,0±7,5anos; 174,4±7,5cm, 82,0±14,2kg; VO2max= 42,0±6,2ml.kg-1.min- 1) testados na esteira. Os indivíduos realizaram o seguinte teste: 1) EC e UC realizaram um teste progressivo de rampa (5W a cada 12s) no cicloergômetro; e 2) ER e UR realizaram um teste progressivo de rampa na esteira (1,0 km.h-1.min-1), ambos até a exaustão voluntária para a determinação de LV1 e LV2. Os procedimentos matemáticos foram: Vslopetradicional (regressão bi-linear), V-slope45o (tangente 45º do ajuste exponencial) e Inspeção Visual (análise das relações VE/VCO2, VE/VO2, PETCO2, PETO2 vs. tempo). Pelos métodos V-Slope, GET e PCR foram determinados pelas relações VO2 vs VCO2 e VE vs. VCO2, respectivamente. A diferença entre métodos por grupo foi verificada por Anova (uma entrada, e Bonferroni como post-hoc, adotando p<0,05). Não foram observadas diferenças entre os procedimentos matemáticos para EC e UC, tanto em LV1 como LV2 no cicloergômetro. Entretanto, ER apresentaram diferentes valores de LV2 (p=0,036) entre o método de Inspeção Visual (85,3±3,3 %VO2max) e V-slopetradicional (80,4±6,2 %VO2max). Para UR verificou-se diferenças entre todos os métodos. Ou seja, em LV1, o método de Inspeção Visual (74,4±6,2 %VO2max) diferiu-se de V-slopetradicional (61,3±12,0 %VO2max; p=0,041) e de V-slope45º (45,4±10,9 %VO2max; p<0,01), bem como estes dois diferiram entre si (p<0,01). Em LV2, apenas o método de Inspeção Visual (91,4±1,9 %VO2max) diferiu-se dos outros métodos (Vslopetradicional: 81,4±8,6 %VO2max; p=0,047; e V-slope45º: 80,8±9,8 %VO2max; p=0,028). Dessa forma, verificou-se que as respostas em cicloergômetro são mais estáveis entre os métodos, devido à menor variação da eficiência mecânica entre EC e UC. Contudo, na esteira, a economia de movimento parece influenciar significantemente o perfil oxidativo, intensificando as diferenças em UR, pelo padrão de inclinação do VO2 acima de LV2. Portanto, sugere-se que o método de Inspeção Visual seja um procedimento de referência, por adotar as respostas gasosas características da interação entre os metabolismos oxidativos e glicolítico ao longo do tempo, em um teste de rampa.

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