Resumo

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) e a obesidade podem ser consideradas como as principais doenças crônicas não transmissíveis (DNCT) que atuam no desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV) e concomitantemente no aumento das taxas de mortalidade no Brasil e no mundo. Por outro lado, sabe-se que mudanças no estilo de vida podem ser essenciais na prevenção destes males. Sendo assim, destaca-se o exercício físico (EF), que tem se apresentado como uma interessante ferramenta não medicamentosa no tratamento de DCNT, devido ao seu papel cardioprotetor. Contudo, pesquisas envolvendo modelos animais têm sido cada vez mais importantes na elucidação de mecanismos patológicos, principalmente em relação às respostas ao EF. Dessa forma, faz-se necessário a padronização de métodos e protocolos de avaliação da capacidade aeróbia (CA) em modelos animais patológicos para uma melhor interpretação dos resultados obtidos. Entre os principais métodos, destacam-se a máxima fase estável de lactato (MFEL) que tem sido considerada como padrão ouro na avaliação da CA. Sendo assim, o presente trabalho objetivou determinar a MFEL em modelos de ratos hipertensos (SHR) e obesos (RZO). Além disso, foram verificados os efeitos do treinamento em RZO em intensidade relativa à MFEL e revisados os principais efeitos do exercício e sua relação com o sistema renina-angiotensina (SRA) na prevenção/tratamento de DNCT. No que diz respeito à determinação da MFEL, esta pôde ser identificada em esteira rolante a partir de três testes retangulares a partir da análise do lactato sanguíneo a cada cinco minutos de teste. Assim, a MFEL em RZO foi identificada em uma velocidade de 12,5 m.min-1 diferentemente da MFEL observada em ratos não obesos, 20 m.min-1. Quando identificada em SHR, esses animais apresentaram a MFEL em uma velocidade de 20 m.min-1. Posteriormente, RZO foram submetidos a quatro semanas de treinamento em esteira em uma intensidade relativa à MFEL. Esse treinamento foi capaz em promover uma melhora significativa na CA de RZO, no qual, após o período de treinamento, os animais obesos apresentaram uma melhora de 20% na CA, sendo a MFEL identificada em 15 m.min-1. Apesar desta melhora, os animais não apresentaram redução do peso corporal. Contudo, RZO que exercitaram ganharam menos peso quando comparado a ratos RZO não exercitados. Também foram revisados os principais efeitos do EF e suas importantes modulações no SRA, promovendo melhoras significativas no aparato cardiovascular, principalmente atenuando os efeitos deletérios da HAS.

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