Resumo
O envelhecimento é um processo progressivo e dinâmico associado a alterações fisiológicas, morfológicas, bioquímicas e psicológicas, ocasionando perdas e maior dificuldade de adaptação. A queda na qualidade de vida no envelhecimento resulta da interação de diversos fatores, em especial o estilo de vida e as doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT). A hipotrofia muscular, condição de redução quantitativa dos componentes estruturais e das funções celulares, culmina em diminuição funcional da massa muscular com alterações patológicas e comprometimento das atividades cotidianas. O estilo de vida moderno tem sido fator de risco para inúmeras doenças crônicas não-transmissíveis e quadros clínicos, dentre elas a hipotrofia muscular, condição associada a redução da força muscular e, consequente, declínio funcional. Portanto, o objetivo do estudo é entender a relação entre determinantes demográficos, socioeconômicos, antropométricos e de aptidão física na hipotrofia muscular e na diminuição do desempenho funcional, além de possíveis fatores ligados a hipotrofia muscular. Foi realizado estudo transversal, descritivo e analítico em 600 idosos (138 homens e 462 mulheres), ingressantes (2005-2019) de programa para mudança do estilo de vida. Foram realizadas as seguintes avaliações: anamnese clínica, aptidão física, composição corporal e antropométrica. O nível de significância considerado foi de p<0,05. A população estudada apresentou 10,3% de hipotrofia muscular (n=62), sendo 47 mulheres e 15 homens. Adicionalmente foram observados os seguintes quadros clínicos: 45,3% de obesidade, 27,0% de ergopenia, 10,2% de hipotrofia muscular associada a ergopenia, 2,8% de obesidade associada a hipotrofia muscular, 9,8% de obesidade associada a ergopenia e 2,8% de obesidade associada a ergopenia e a hipotrofia muscular. O Índice de Massa Muscular (IMM) apresentou correlações positivas e significativas com o Índice de Massa Corporal e com indicadores de aptidão física. O nível de atividade física, a flexibilidade e o VO2máx tiveram seus valores reduzidos à medida que os quadros clínicos foram associados, atingindo seus menores valores na obesidade associada a ergopenia e a hipotrofia muscular (p<0,05). O nível de atividade física abaixo do recomendado, a flexibilidade ruim e o baixo VO2máx estiveram associados como fator de risco para hipotrofia muscular. Após realizado o ajuste para o gênero, somente o VO2máx baixo continuou como fator de risco. A hipotrofia muscular está associada ao declínio de indicadores da aptidão física, sendo o baixo VO2máx como maior fator de risco para hipotrofia muscular em idosos.