Resumo

O treinamento combinado, caracterizado pela realização de exercícios aeróbios e de força muscular na mesma sessão, promove a redução do risco cardiovascular. Entretanto, a manipulação das variáveis de volume e intensidade, alcançadas pela periodização do treinamento, permanece pouco investigada na redução do risco cardiovascular em populações clínicas com obesidade. Objetivo: Verificar a efetividade da periodização do treinamento físico combinado no risco cardiovascular de adultos com obesidade. Métodos: Realizou-se um ensaio clinico randomizado e controlado com adultos com obesidade graus I e II, definida pelo índice de massa corporal de 30,0 a 39,9 kg/m². A amostra (n=69) foi alocada em três grupos: grupo controle (GC), grupo treinamento combinado com periodização fixa (GF) e grupo treinamento combinado com periodização linear (GP). Os grupos GF e GP treinaram por 16 semanas, em três sessões semanais, com duração de uma hora, cada. O GF treinou em intensidade fixa (aeróbio: 30’ a 50 a 59% da frequência cardíaca de reserva – FCres; força: duas séries de cada exercício, com 10 a 12 repetições máximas – RMs). Já o GP progrediu linearmente a intensidade em três mesociclos (aeróbio: 30’a 40 a 49%; 50 a 59% e 60 a 69% FCres; força: duas séries de 12 a 14; 10 a 12 e 8 a 10RMs). O risco cardiovascular foi mensurado pelo Escore de Framingham, pelo escore global e risco de eventos cardiovasculares em dez anos, determinados pelas variáveis: sexo, idade, colesterol total, colesterol HDL, pressão arterial sistólica, tabagismo e diabetes. Empregou-se equações de estimativas generalizadas e análises de responsividade individual, estratificadas por sexo. Resultados: Observou-se uma redução estatisticamente significativa do escore global somente em homens do GF (pré: 2,5±0,56; pós: 0,5±1,02; valor p=0,001). Não houve efeito estatisticamente significativo do treinamento para mulheres. Respostas individuais apontaram que o GC apresentou, em sua maioria, resultados de aumento do risco cardiovascular, ao passo que aqueles pertencentes aos grupos treinamento, se não reduziram, ao menos estabilizaram as chances de sofrer um evento cardiovascular nos próximos dez anos. Conclusões: Dezesseis semanas de treinamento foram suficientes para a redução do risco cardiovascular em homens do GF e que ambos os modelos de periodização foram importantes para, ao menos, estabilizar o risco individual de desenvolvimento de doenças cardiovasculares em dez anos.