Resumo
Esta dissertação foi proposta com o objetivo principal de investigar novos métodos de avaliação do risco, prevenção e controle do diabetes tipo 2. Para alcançar este objetivo, foi necessário conduzir quatro estudos seqüenciais.
Introdução: O diabetes tipo 2 é atualmente um sério problema de saúde pública global, o qual está diretamente envolvido com as rápidas mudanças culturais e sociais, aumento da urbanização das cidades, mudanças nos hábitos alimentares, redução dos níveis de atividade física, envelhecimento da população e adoção de outros comportamentos e estilo de vida não saudáveis. Objetivo: Identificar as diferentes abordagens de treinamento físico utilizados na última década no controle do diabetes tipo 2. Metodos: Realizou-se pesquisa no Pubmed e Science Direct por todos os estudos controlados e randomizados (RCT) de 1999 a 30 de maio de 2010. Selecionamos 17 estudos para fazer parte desta revisão. Cinco estudos com exercício aeróbicos, cinco com exercício de resistência (força) e sete com treinamentos combinados (aeróbico + resistência). Resultados: O número de estudos usando treinamento de resistência está crescendo nesta última década, e atualmente é tão usado quanto os populares exercícios aeróbicos. Por sua vez, a maioria dos estudos analisados usaram intervenções combinando exercícios aeróbicos e de resistência. Conclusões: O programa de exercício para pacientes com diabetes deve ser visto como uma forma de tratamento. No entanto, não foram estabelecidas diretrizes para a duração do programa, pois este deve-se tornar parte das tarefas diárias habituais, e assumida como um novo estilo de vida para um controle glicêmico a longo prazo.
Objetivo: validar uma ferramenta auto-aplicável para identificar indivíduos brasileiros com intolerância a glicose (IGT).
Métodos: O Finnish Diabetes Risk Score (FINDRISC) foi aplicado em 829 pessoas com idades ≥ 40 anos sem diagnóstico prévio de diabetes, entre novembro de 2009 e abril de 2010 na cidade de Viçosa, MG. Selecionamos randomicamente 300 sujeitos do levantamento incial, os quais foram convidados para comparecerem ao Laboratório de Perfomance Humana na Universidade Federal de Viçosa para a coleta de uma amostra de sangue para identificar os níveis de hemoglobina glicada (A1C). Dos 300 sujeitos convidados, 162 compareceram para compor a amostra final do estudo de validação. O score de risco foi avaliado pela área abaixo da curva ROC (AUC). Resultados: A prevalência de IGT e diabetes de acordo com os níveis de A1C foram 21,6% e 8,6% respectivamente. Os valores do score de risco variaram de 1 a 25. A AUC considerando os valores de A1C ≥ 6,0% foi 0,69 (95% CI 0,61 – 0,76). O score de risco 9 teve sensibilidade de 75,51%, especificidade de 49,56%, valor preditivo positivo (VPP) de 39,4% e valor preditivo negativo (VPN) de 82,4%. Conclusões: O FINDRISC demonstrou ser uma ferramenta adequada para identificar indivíduos brasileiros com IGT, os quais possuem elevado risco para desenvolver o diabetes tipo 2.
Introdução: O controle glicêmico é um dos principais objetivos terapêuticos para pacientes com diabetes tipo 2. Os testes mais recomendados para o monitoramento tem sido a hemoglobina glicada (A1C) e a glicose plasmática de jejum (GPJ), os quais possuem limitações para identificar mudanças glicêmicas em períodos mais curtos. Portanto, este estudo foi proposto para avaliar a eficácia da frutosamina na avaliação do perfil glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2 submetidos a um programa de
viii exercício físico de oito semanas de duração.
Métodos: Oito voluntários (51,1 ± 8,2 anos) foram submetidos a um programa de exercício físico supervisionado durante oito semanas (três vezes por semana a 50 a 60 % do V· O2máx por 30 a 60 minutos). Avaliou- se a composição corporal, V·O2máx, A1C, GPJ, frutosamina e glicemia capilar (GC).
Resultados: Diferenças estatísticas foram encontradas nas concentrações da frutosamina, no V· O2máx e na GC. No entanto, a A1C e GPJ não apresentaram diferença estatística. A frutosamina apresentou uma diminuição de 15% (57 μmol/L) entre o início e o final do estudo, o V· O2máx aumentou 14,8% (3,8 ml.kg.min-1) e a GC diminuiu em média 34,4% (69,3 mg/dL).
Conclusão: A frutosamina é eficaz na avaliação das alterações glicêmicas em pacientes com diabetes tipo 2 submetidos a um programa de exercício físico de curta duração, alternativamente às tradicionais medidas de A1C e GPJ.
Introdução: O exercício físico é um componente importante na promoção de uma melhora significativa da qualidade de vida em pacientes com diabetes tipo 2. Entretanto, existem evidências que questionam os reais benefícios do exercício físico programado. Portanto, este estudo teve como objetivo investigar os efeitos compensatórios do exercício aeróbico sobre os níveis habituais de atividade física em pacientes com diabetes tipo 2. Métodos: O estudo teve duração de doze semanas. Oito voluntários (51,1 ± 8,2 anos) foram submetidos a um programa de exercício físico supervisionado durante oito semanas (3x/semana a 50 a 60 % do VO2máx por 30 a 60 minutos). Medidas da atividade física habitual com acelerômetros triaxial foram realizadas nas semanas 1, 5 e 10 do estudo. Avaliou-se também a composição corporal, V·O2máx, hemoglobina glicada (A1C), glicemia plasmá tica em jejum (GPJ) e frutosamina nas semanas 1 e 10 do estudo. A análise estatística foi realizada por testes não paramétricos (Friedman e Wilcoxon) com p < 0,05. Resultados: A quantidade e a intensidade da atividade física habitual não apresentaram diferenças estatísticas entre os períodos analisados. Contudo, o programa de exercício gerou um aumento significativo de 14,8% (3,8 ml.kg.min-1) no VO2máx e diminuição de 15% (57 μmol/L) nos níveis de frutosamina.
Conclusões: O programa de exercício não provocou efeitos compensatórios sobre a atividade física habitual total dos avaliados, assim como sobre os níveis de intensidade das atividades físicas entre os períodos do estudo analisados, com benefícios na aptidão cardiorrespiratória e no perfil glicêmico dos pacientes.