Resumo

Atualmente no futebol mundial uma das preocupações de acadêmicos e profissionais que atuam em equipes desportivas volta-se ao entendimento das respostas do organismo quanto ao conteúdo de treinamento aplicado nas sessões de treinamento. Nesse sentido o objetivo do presente estudo foi diagnosticar e classificar os conteúdos e volume do treinamento aplicado em futebolistas, da categoria Sub-17, e verificar sua relação com a alteração das capacidades biomotoras, em diferentes momentos do macrociclo. Participaram do estudo 16 futebolistas, entre eles 5 de defesa, 6 de meio campo e 6 de ataque com idade de 16,55 ± 0,47 anos, massa corporal de 69,42 ± 6,1kg, 179 ± 7 cm de estatura, IMC de 21,81 ± 2,05 kg/m2 e 7,74 ± 3,30% de gordura corporal predita. Durante 17 semanas os conteúdos dos treinamentos e jogos realizados foram anotados por integrante da comissão técnica, e classificados de acordo com tipo de treinamento (funcional ou neuromuscular), e neste mesmo período, os futebolistas passaram por três momentos de avaliações: M1: primeira semana de treinamento; M2: após 10 semanas e, por fim, M3: após 17 semanas. Para verificar a alteração das capacidades foram realizados os testes de: i) salto vertical com a técnica de contramovimento e auxilio dos braços (CMJ); ii) velocidade de deslocamento em 10m (Vel10m) e 30m (Vel30m); iii) o Running-based Anaerobic Sprint Test - RAST (MAXVel, MEDVel, MINVel e %Queda Vel) e; iv) Yoyo Intermittent Recovery Test - nível 2 (DTPerc). Após coleta, os dados foram transcritos em banco computacional, divididos quanto à posição de jogo: defesa (DEF), meio campo (MC) e ataque (AT) como também analisados pelo grupo como um todo (GTD). A seguir produziram-se informações no plano descritivo, por meio de medidas de centralidade e dispersão e, no inferencial, após verificar normalidade dos dados (teste de Shapiro-Wilk), utilizou-se a Análise de Variância (ANOVA) two-way, para efeitos de momento e posição, complementada com post hoc de Bonferronni, com nível de significância fixado em 5% (p<0.05). Os principais resultados apontam quanto ao conteúdo de treinamento predomínio do tipo funcional (76,3%) com destaque para resistência especial (70,7%) e, em relação às alterações das capacidades, verificou-se para velocidade de deslocamento em 10m que a DEF apresentou elevação de M2 para M3. Para a velocidade de deslocamento em 30m a DEF apresentou queda significante de M2 para M3 e de M1 para M3, enquanto que AT demonstra queda de M1 para M3 e o GTD tem o mesmo comportamento com queda de M1 para M2 e de M1 para M3. Para MAXVel, GTD demonstrou diminuição de M1 para M2 e também de M1 para M3. Na MEDVel, GTD também apresentou queda significante de M1 para M3 e de M2 para M3. Quanto a DTPerc a DEF apresentou aumento significante de M1 para M3 e de M2 para M3, enquanto que GTD apresentou elevação de M1 para M2 e de M1 para M3. A partir dos resultados obtidos, pode-se concluir que há relação do conteúdo aplicado com o comportamento das capacidades biomotoras, já que o elevado conteúdo funcional, principalmente voltado para a resistência especial, propiciou maiores incrementos para estas capacidades, enquanto que as com predomínio neuromuscular não apresentaram evolução, indicando a importância do sistema de treinamento privilegiar todas as capacidades biomotoras, principalmente as determinantes a modalidade como são os casos das manifestações de força, velocidade e coordenação.

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