Diagnóstico de Assimetrias Funcionais nos Membros Inferiores de Atletas Universitárias de Handebol
Por L. C. R. Lima (Autor), C. O. Assumpção (Autor), R. A. C. Caritá (Autor), N. M. Bassan (Autor), C. C. Greco (Autor), Benedito Sérgio Denadai (Autor).
Resumo
Ações musculares potentes são necessárias para a execução de alguns dos principais fundamentos do handebol (i.e., arremessos, marcações, fintas). A maioria desses fundamentos, porém, possui característica unilateral, sendo que, normalmente, o membro inferior não dominante (MND) é o mais utilizado por atletas na execução deles. Essa característica unilateral do esporte pode levar a assimetrias, devido ao desenvolvimento excessivo da musculatura do MND. Os extensores do joelho (EJ) são muito recrutados durante a execução da maioria dessas ações potentes e isso, por sua vez, pode propiciar um desenvolvimento desproporcional dos EJ em comparação com os flexores do joelho (FJ) no MND, levando a desequilíbrio muscular, que é conhecidamente associado com o risco de lesões articulares no joelho. O objetivo do presente estudo foi investigar assimetrias funcionais entre o membro dominante (MD) e o MND, e o desequilíbrio muscular entre os FJ e os EJ em atletas universitárias de handebol. Participaram do estudo 12 atletas universitárias de handebol do sexo feminino (idade: 22,4 ± 2,4 anos; massa: 62,6 ± 12,5 kg; estatura: 162 ± 5,8 cm) que não praticavam treinamento resistido. As participantes realizaram 5 contrações isocinéticas máximas dos FJ e EJ a 60°.s-1 com o MND e o MD em um dinamômetro isocinético. A partir dessas contrações, foram obtidos os valores de pico de torque isocinético (PTI) e calculadas as razões entre os PTI dos FJ e EJ (RF/E). Também foi coletado o senso de posição passiva (SPP) do joelho de ambos os membros das participantes. Diferenças entre os valores de PTI, RF/E, e SPP entre os dois membros inferiores e foram comparadas por meio de testes t de Student para amostras pareadas. O nível de significância adotado foi de p < 0,05. Todos os dados estão expressos como média ± desvio padrão. Os valores obtidos de PTI foram significantemente maiores (p < 0,01) para o MND (144,9 ± 23,1 Nom) em comparação com o MD (132,8 ± 21,4 Nom) para os EJ, mas não para os FJ (MND: 71,5 ± 11,5 Nom; MD: 74,4 ± 12,6 Nom; p = 0,3). Houve diferença significante (p < 0,01), também, entre as RF/E (MND: 0,49 ± 0,6; MD: 0,56 ± 0,7). Os valores de erro do SPP do MND (4,62 ± 2,54°) e do MD (3,79 ± 1,33°) não foram diferentes entre si (p = 0,3). Foram identificadas assimetrias em algumas das variáveis coletadas entre os membros inferiores de atletas de handebol. Esses dados demonstram que, quando não aplicadas estratégias de correção, diferenças funcionais importantes podem ocorrer, caracterizando uma assimetria entre os membros. Além disso, considerando a relação existente entre uma baixa RF/E e o risco de lesões, o fortalecimento dos músculos FJ é altamente recomendado, para que se possa promover equilíbrio muscular na articulação do joelho e, assim, maior estabilidade articular. Esse fortalecimento parece ser necessário para ambos os membros inferiores, com maior ênfase no MND.