Sobre
Quem foi Roberto Dias? Durante anos, essa pergunta soou como uma ofensa aos ouvidos dos torcedores mais antigos (e não só dos são-paulinos). Afinal, eles tiveram o privilégio de se encantar com o futebol clássico, limpo, daquele volante, depois zagueiro, que se tornou símbolo maior do São Paulo Futebol Clube por mais de uma década, entre os anos 1960 e 1970. Não podiam se conformar com a indagação ofensiva - irritante, até - que vinha dos mais jovens.
Tal questionamento, no entanto, tinha sua razão de ser. Desprovidas de maiores informações sobre a vida e a carreira de um dos grandes jogadores brasileiros de todos os tempos, as novas gerações não podiam mesmo ter a exata medida da importância de Dias. Repetia-se, fora de campo, o fenômeno que marcou sua própria carreira dentro dos gramados: a injustiça. Sem uma produção cultural à sua altura - em termos de literatura, imagens, divulgação, enfim -, que ajudasse a perpetuá-lo, ficava sempre a impressão de que o Dias jogador, assim como o Dias homem, foi muito maior que os registros sobre ele.
Com este livro, o jovem jornalista Fábio Matos dá um pontapé inicial e decisivo para acabar com essa história. Ou melhor, para registrar uma história que por décadas os indignados são-paulinos esforçaram-se em transmitir apenas oralmente. Nas próximas páginas, o homem e o ídolo são expostos de uma maneira que nunca haviam sido até hoje, fruto de um trabalho que nasceu acadêmico mas já com metodologia e preocupação profissionais. Ao chegar à última destas páginas, você, tenha a idade que tiver, finalmente saberá quem foi Roberto Dias. O verdadeiro Roberto Dias, nascido Branco, convertido também em preto e vermelho.