Resumo

O objetivo geral da presente tese foi de verificar as possíveis diferenças entre os sexos nos mecanismos neurovasculares de controle de pressão arterial (PA) durante o exercício isométrico de preensão manual e ativação isolada do metaborreflexo muscular. Para atingir tal objetivo, foram realizados três estudos, que apresentam os seguintes objetivos específicos: o Estudo 1 foi de investigar o efeito da ativação isolada do metaborreflexo muscular no barroreflexo cardíaco e caracterizar as possíveis diferenças relacionadas ao sexo nessa interação em jovens saudáveis. O Estudo 2 foi de investigar as possíveis diferenças entre homens e mulheres jovens na recuperação da frequência cardíaca (FC) e reativação vagal cardíaca no final do exercício isométrico e início da isquemia pós-exercício (IPE). Por fim, o objetivo do Estudo 3 que foi de testar a contribuição dos receptores β-adrenérgicos nas diferenças entre homens e mulheres na regulação da PA durante exercício isométrico e ativação isolada do metaborreflexo muscular. No Estudo 1, 40 voluntários jovens e saudáveis [20 homens (21 ± 0,6 anos) e 20 mulheres (23 ± 0,6 anos)] foram submetidos ao exercício isométrico de preensão manual seguido por ativação isolada do metaborreflexo muscular via IPE. A FC e PA foram medidas batimento-a-batimento, a sensibilidade do barorreflexo cardíaco espontâneo foi analisado utilizando a técnica da sequência e foi estimada a atividade autonômica cardíaca através dos índices de variabilidade da FC (VFC). Os resultados demonstraram que a sensibilidade barorreflexa cardíaca espontânea é semelhante entre homens e mulheres durante o repouso. Contudo, ela foi aumentada durante a IPE em homens, mas não em mulheres. Os dados da VFC mostraram um maior aumento da atividade vagal em homens comparado com mulheres durante a IPE. No Estudo 2, 47 voluntários jovens e saudáveis [24 homens (21 ± 2 anos) e 23 mulheres (23 ± 3 anos)] foram recrutados e submetidos ao mesmo protocolo citado anteriormente. Contudo, as análises de FC, PA e VFC foram feitas durante os últimos 30s do exercício e imediatamente após (primeiros 30s do início da IPE). Extrapolando os achados do primeiro estudo, as mulheres apresentaram uma recuperação da FC mais lenta do que os homens nos 30s iniciais da IPE, acompanhado de menores valores de atividade parassimpática para o coração. Por fim, no Estudo 3, foram recrutados 16 voluntários jovens e saudáveis [8 homens (20 ± 0,5 anos) e 8 mulheres (24 ± 1,4 anos)]. As medidas hemodinâmicas foram similares às dos estudos anteriores, adicionando as medidas de volume sistólico, DC e RVP via método Modelflow. Os participantes foram submetidos a um protocolo de exercício isométrico isquêmico seguido por IPE. Além disso, de maneira cega e randomizada, os participantes também foram submetidos à ingestão de pílula placebo e bloqueador não seletivo dos receptores β-adrenérgicos (40mg propranolol). Durante a condição de placebo, a resposta de PA ao exercício foi menor em mulheres comparada com os homens. Contudo, o β-bloqueio atenuou a resposta de PA nos homens por uma redução no DC. Por outro lado, as mulheres não apresentaram alteração na resposta de PA, pois apesar de também terem reduzido o DC, aumentaram robustamente a RVP. Em conclusão, os estudos mostraram que há diferença entre os sexos na interação entre barorreflexo cardíaco e metaborreflexo muscular. Além disso, que diferenças entre os sexos na recuperação da FC durante a ativação do metaborreflexo muscular já são pronunciadas imediatamente após a interrupção do exercício, potencialmente mediadas por diferenças na reativação vagal. Por fim, conclui-se que há diferenças entre os sexos na regulação da PA durante o exercício isométrico de preensão manual e que são mediadas, principalmente, por receptores β-adrenérgicos.

Acessar Arquivo