Diferentes e Desiguais: Relações de Gênero na Mídia Esportiva Brasileira
Por Jorge Dorfman Knijnik (Autor), Juliana Sturmer Soares Souza (Autor).
Parte de O mundo psicossocial da mulher no esporte - comportamento, gênero, desempenho . páginas 191 - 212
Resumo
1. BREVE CRÔNICA DA MULHER BARBADA
O meu peito não tem silicone. Sou mais macho que muito ‘ômi’(Rita Lee / Zélia Duncan)
Estavam lá todos os jornais, as rádios, a televisão – de fato, todos osmeios de comunicação. A moça, retratada na última temporada como a “batidamais potente da Liga Nacional”, “tão forte quanto um homem”, semprepareceu um deles. Ou, ao menos, era a imagem que as pessoas tinham dela,reforçada pela mídia, que aproveitava o caso ao máximo, traçando um quadrode suspeitas relativas ao sexo da atleta, usando as fotos e imagens apropriadas,e juntando estas às versões colhidas dos vestiários dos clubes, ou da infânciada jogadora, em alguma cidade no interior (onde ninguém sabia ao certo ‘oque ela era’). Desta forma, toda a imprensa amplificava o assunto, e o paísinteiro comentava e se perguntava, invertendo a famosa marchinha decarnaval: será que ela é?