Diminuição da Mobilidade Funcional em Idosos Pode Levar a Riscos Biomecânicos Durante a Simulação de Travessia de Rua
Por G. P. Garcia (Autor), A. C. E. C. Gaspari (Autor), N. R. Marques (Autor), R. J. T. Serrão (Autor), D. H. Spinoso (Autor).
Resumo
Déficits de mobilidade atingem aproximadamente 50% da população com 65 anos de idade ou mais, sendo caracterizado por diminuição da habilidade de realizar as atividades diárias. A travessia de rua é um ato motor complexo, que exige a coordenação de estímulos sensorial, motor e cognitivo. Essa tarefa motora é difícil para idosos, principalmente aqueles com redução da mobilidade, devido as alterações sensório-motoras decorrentes do envelhecimento e pode resultar em maior risco de acidentes e lesões graves. O objetivo desse estudo foi identificar alterações cinemáticas e cinéticas durante a marcha com simulação de travessia de rua em idosos. Participaram do estudo 24 voluntárias, incluindo 12 idosas com mobilidade normal (GIMN) (70.36±5.6) e 12 idosas com mobilidade reduzida (GIMR) (66.91±5.2). A avaliação biomecânica da marcha foi realizada em uma passarela de 14 metros de comprimento e 2 metros de largura. O teste de marcha consistiu em duas condições distintas: marcha em velocidade de preferência e marcha com simulação de travessia de rua. Para aquisição de dados cinemáticos foram utilizados marcadores fotorreflexivos fixados bilateralmente de acordo com o modelo Plugin Gait (Vicon®) e a obtenção de dados cinéticos foi realizada por meio de uma plataforma de força OR6-6 (AMTI®). As variáveis analisadas foram: tempo de apoio, balanço e passada; velocidade de marcha, largura e comprimento do passo, pico de força de reação do solo vertical (PFRS), taxa de aceitação do peso e taxa de propulsão. A analise estatística foi realizada por meio do teste ANOVA Two-Way medidas repetidas, com valor de significância p < 0.05. Os resultados mostraram que houve efeito de condição para as variáveis cinemáticas tempo de apoio e tempo de passada, que foram, respectivamente, 12 e 16% (p < 0.001) menor durante a condição II em relação à condição I e para as variáveis velocidade de marcha e comprimento do passo que apresentaram valores respectivamente, 34 e 7% (p < 0.001, p = 0.012) superior a condição I. Para as variáveis cinéticas, os resultados mostraram que durante a condição de marcha II a taxa de aceitação do peso, taxa de propulsão e PFRS durante o toque do calcâneo apresentaram valores superiores em 20% (p = 0.002), 21% (p = 0.001) e 8% (p = 0.014) em relação à condição de marcha I. Os resultados não mostraram diferença significativa entre os grupos, entretanto, houve uma tendência a menor capacidade de ajuste na marcha para realização da travessia de rua no tempo estipulado pelo semáforo para o grupo de idosos com mobilidade reduzida. A dificuldade de idosos realizarem modificações no padrão de marcha durante situações potencialmente desafiadoras podem contribuir para o aumento do rico de quedas e consequentemente menor qualidade de vida. Assim, programas de intervenção que busquem a manutenção/melhora das capacidades físicas da população idosa podem contribuir para realização das atividades diárias de maneira segura e independente.