Integra
Brasília, 4/janeiro/2023
Eu queria cumprimentar a todos e a todas.
Estou aqui hoje representando o esporte brasileiro e estou muito feliz com todos vocês aqui.
Gostaria de repetir um pouco, só para entaltecer, as pessoas presentes e dizer que a gente vai estar junto de cada um de vocês durante esse mandato, para buscar ouvi-los da melhor maneira possível. Ouvir e encaminhar as questões de todas as dimensões do esporte, que são muitas e diversas.
Espero que a gente possa ter o espírito de muita conversa, de contribuição e colaboração, para que a gente efetivamente construa algo novo, maior do que a gente tem até hoje. E que aumente e muito a relevância que o esporte tem frente à sociedade de uma maneira geral.
Nós aqui sabemos de esporte, né? A gente fala entre a gente, a gente se entende, a gente conhece, mas a gente tem de fazer com que mais pessoas saibam e conheçam e pratiquem e se beneficiem da prática esportiva em todos os sentidos. Essa é a nossa missão aqui.
Então, nós estamos aqui recebendo ministros superimportantes. Ministra Nísia Trindade, da Saúde, ministro Camilo Santana, da Educação, nossos maiores parceiros. Nós vamos aqui, na primeira hora, buscar agenda para fazer a inter-relação entre nossos planos, nossas intenções, porque o nosso público é o mesmo. São as crianças e os jovens que estão na escola, é a população em geral atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Essas pessoas precisam ter também acesso a outros serviços, como esporte, como atividade física, como cultura. Dentre essas pessoas, esses indivíduos, estão todos e todas. Homens, mulheres, crianças, jovens, LGBTQIA+, brasileiros nascidos, brasileiros migrantes, todos e todas. Do Norte, do Sul, do Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste.
O esporte é transversal e a gente tem de fazer com que isso se reverta na prática na nossa nação. Então, um grande abraço a todos os secretários de esporte que estão aqui presentes hoje. Mizael Conrado, do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Vamos conversar muito. A secretaria paralímpica do ministério é uma estrutura nova, recente. Tem muito ainda a crescer, em termos de visão, estrutura interna, e a gente vai contar muito com a ajuda de vocês. Todos os atletas e para-atletas que hoje estão aqui presentes. É para vocês que esse ministério também vai trabalhar.
Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC na sigla em inglês), obrigada pela deferência de estar aqui hoje com a gente. Nós nos conhecemos há muito tempo, de todos os debates e embates em torno de políticas públicas para o esporte. Compartilhamos de uma visão bem interessante. Muito obrigado pelo apoio.
Paulo Wanderley, presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), muito obrigado por estar aqui hoje. Todo o interesse, de todos os brasileiros, para que a gente tenha os melhores atletas e as melhores condições para os nossos atletas e profissionais da área. Vamos trabalhar juntos com certeza.
Secretário de Esporte Júlio César, do Distrito Federal, obrigado pela presença. Ministro da Educação, Camilo Santana, ministra Nísia, também já falei desse ineditismo. Estreantes, né, nos ministérios. Assim como sou a primeira mulher à frente do ministério do Esporte, ela é na Saúde. Anielle Franco... Essa questão da igualdade racial está transversal entre todas as pastas. A gente vai estabelecer as estruturas dentro do nosso organograma para que a gente possa ter diretamente essa ação e essa interface com vocês.
Assim como a Maria Aparecida, do ministério das Mulheres, também essa questão presente no nosso dia a dia e fazer com que essas estruturas sejam funcionais dentro da transversalidade entre as pastas. Obrigada ministro do Trabalho, Luís Marinho, a Esther, ministra de Gestão.
Eu vou ler porque preciso dar todos os recados. Eu estive em muitas posses nesses dias e pensei: 'vou fazer um discurso mais curto, não vou estender demais'... Mas não consegui... É que preciso tentar não deixar nada de fora. E quando a gente vai de improviso, acaba deixando.
DISCURSO
Bom, o presidente Lula me convidou para ser ministra do Esporte, o que muito me honra. Mas muito mais do que honra, é uma missão que eu recebo em nome de uma causa, que é garantir o direito de todos ao esporte. Esse foi o pedido feito pelo presidente: fazer uma revolução no esporte. Uma revolução no esporte e na educação, uma revolução no esporte e na saúde, na assistência social, dentro dos municípios. Oferecer acesso ao esporte e à atividade física na vida de todos e de todas as brasileiras e também desenvolver o esporte amador.
Esse foi o pedido do presidente Lula para mim. E ele entende muito de esporte. Ele conheceu por ter jogado futebol de várzea. Naqueles campos de várzea que tinha lá em Heliópolis (SP), na Vila Carioca. "Diz ele", brincou o ex-ministro o Orlando Silva.
Mas veja bem, Orlando: você não precisa ter qualidade para você ter uma bela experiência no esporte, certo? A partir do momento que você tem a oportunidade de praticar, você está se beneficiando. E aprendendo. Por isso que o presidente Lula, o professor Lula, aprendeu bastante. E ensina agora.
E ele consegue transferir esse conhecimento que ele teve no futebol de várzea para outras modalidades. Ele fala que na época dele só tinha futebol, e que hoje tem outras modalidades, e ele entende isso. Quando a gente foi conversar, teve muito entendimento.
E essa, meus amigos e amigas do esporte, essa é a grande janela de oportunidade que se abriu. Ao ter o presidente Lula, esse ex-esportista, essa pessoa que entende na pele e por toda a vida o que é o esporte.
Quem me conhece já deve ter me ouvido falar que pela experiência registrada em outros países, pela vivência viajando e conversando com gestores em todo o Brasil, esse sempre foi um grande desafio: como sensibilizar as lideranças para entender realmente o potencial do esporte, e defender que ele aconteça na vida das pessoas? Porque nós precisamos desenvolver a cultura da prática motora. A cultura da prática esportiva. Inserida nas famílias. Oferecida nos bairros, nas cidades.
Essa afirmação não é completamente verdadeira. A gente já tem essa cultura em alguns lugares do país, como por exemplo em municípios da Região Sul. Eu sou de Blumenau (SC), fui uma criança que nasceu no lugar certo, na hora certa, numa família que me deu a condição de ter acesso ao esporte. Isso tinha, e tem na cultura de algumas cidades, de algumas regiões do Brasil. O Sul do Brasil é exemplo disso. Depois me mudei para São Paulo com 16 anos para jogar como atleta profissional.
Nós temos essa cultura no Sul mas também em Minas Gerais, também no Rio de Janeiro, em cidades do interior de São Paulo. A relação de Salvador (BA) com o boxe é conhecida, assim como o remo na Lagoa Rodrigo de Freitas. São muitas manifestações esportivas presentes no Brasil que trazem essa questão cultural forte.
Sedentarismo
Mas a gente ainda tem que dar a sorte de nascer no lugar certo e na condição precisa para ter acesso a essa cultura. Essa é a realidade do país. O Brasil é um dos países mais sedentários do mundo. Nós temos apenas cerca de 30% da nossa população ativa.
Esses índices pioraram com a pandemia da Covid-19 de maneira muito desigual. Se, por um lado, pessoas como eu, tiveram mais tempo no confinamento para fazer atividades físicas, outras pessoas não tiveram essa condição, ou não tiveram condições de enfrentar tão bem e isso aumentou a inatividade física. Houve escolas fechadas e tudo isso.
Só que essa condição de inatividade física não começou na pandemia. É muito anterior. Então, temos um ecossistema de esporte no país, com atividades físicas, que apresenta uma série de lacunas. Nós temos e produzimos talentos esportivos, projetos campeões, conquistamos uma representatividade esportiva que muito nos orgulha, emociona, envolve nosso povo, em torno dos valores de nossa pátria. É um sentimento legítimo, que tem como ápice os grandes eventos, as grandes disputas, nos maiores campos esportivos mundiais.
Eu, como atleta, vesti a Seleção por 15 anos e nunca tirei a camisa. É minha segunda pele. Eu nesses dias, como aqui, agora, tenho chorado muito cantando o Hino Nacional. Fazia tempo que eu não cantava tanto o Hino. E quando cantava na seleção eu sempre chorava, e estou chorando aqui de novo...
Eu defendo todos os atletas, técnicos, profissionais do esporte. Sei das dores. Sei das glórias. E sei do valor que criamos e distribuímos. Eu queria citar Manuel Sérgio, um filósofo português que pensa o Esporte. Ele fala que o esporte de alto desempenho deve ser a expressão máxima de qualidade da cultura esportiva presente nesse lugar, nesse país.
Desigualdade
Se, como no Brasil, existe um esporte de rendimento muito maior do que o esporte acessível à população, isso é retrato da extrema desigualdade presente nessa sociedade. E é isso que precisa ser tratado com prioridade. E é preciso ser dada a amplitude que essa questão merece e é de direito.
Eu aprendi essa e outras realidades. Na minha carreira de atleta eu conheci o mundo. Frente ao Instituto Esporte e Educação, que eu criei em 2001, eu conheci outras realidades. Eu criei o instituto com um pequeno grupo de pessoas, como o professor Abel, que está presente. Pode bater palmas.
Ele foi o primeiro professor e coordenador do IEE. Hoje o IEE tem cerca de 200 colaboradores diretos, contratados. Já impactou mais de seis milhões de crianças. Capacitamos mais de 55 mil professores em mais de mil municípios, em mais de 20 estados do país. Só em 2002 o IEE impactou a vida de mais de 15 mil crianças. São 22 núcleos em São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco e nas cidades que a Caravana do Esporte percorreu. A metodologia do IEE é baseada no esporte educacional. Em 2022, mais mais de três mil professores foram capacitados.
Está aqui também o professor João Batista Freire. O professor João Batista contribuiu e contribui com o IEE há anos, mas ele é o maior autor do esporte educacional do país. Quem é da área conhece o professor João Batista e ele contribui conosco há muitos anos, especialmente na Caravana do Esporte, nos emprestando a sua capacidade e viajando conosco o Brasil todo.
Na caravana, a gente faz o esporte e a Caravana das Artes, que é criado e coordenado pelo Instituto Mpumalanga, presidido pela Adriana Saldanha. Instituto de que também faz parte a Renata Jambeiro, que estava aqui fazendo a interpretação do Hino Nacional. E ali a gente faz esporte e arte juntos. E é incrível. Da mesma maneira que temos parceria com a cidade de Pindamonhangaba, que nos contratou para fazer a Educação Física e a Educação Artística da rede municipal. O impacto do esporte e da arte juntos é total. É o impacto de espectro total na formação das crianças e jovens.
Está aqui também o Romário, o professor Romário. O Romário é um dos inúmeros ex-alunos do nosso projeto que virou professor. Ele é professor na sua própria comunidade. Isso fecha o ciclo de desenvolvimento humano que o esporte pode alcançar. O Romário é o maior impacto do que o esporte pode realizar: encaminhar um jovem de periferia, aluno de escola pública, para uma formação humana e profissional de excelência. E para que ele possa trabalhar no seu território, pelo desenvolvimento de outros jovens, de maneira autônoma, fazendo com que a roda gire constantemente. Desenvolver o potencial. Desenvolver os potenciais de cada local, tão diversos e tão ricos quanto forem.
Apesar desses números do IEE serem tão consistentes, e são consistentes, tenho muito orgulho desse legado, eu me licenciei. O instituto tem toda a autonomia. A gente instintivamente foi construindo uma estrutura de gestão em que, hoje, no IEE, a capacidade dele me precede. Nesse momento, eles se viram muito bem sem mim.
Escala
Esses números são assim porque a gente sempre sonha em escala. Quando desenhamos os nossos projetos, a premissa sempre foi ampliar e qualificar. Qualificar para poder ampliar. Mas mesmo pensando assim, temos limites. Nosso foco são crianças e jovens. Tem outras realidades dos adultos, dos idosos, o esporte competitivo nos municípios, a competição escolar, a adequação dos espaços públicos para o lazer.
Somente o poder público tem condição dessa escala. Nossa proposta será dar prioridade a esse atendimento. Buscar as estratégias, os recursos e as parcerias necessárias para implantar o acesso ao esporte e atividade física em todo o país. Para a maior parte da população que nós possamos atingir.
Eu me afasto do IEE para assumir essa missão, para fazer essa revolução. Inverter a lógica que sempre colocou como prioridade o esporte de rendimento. O topo da pirâmide de uma estrutura que deveria ser garantidora na prática do direito de todos ao esporte que está previsto na Constituição.
O Brasil já tem um caminho nessa direção. Já realizou três conferências nacionais, produziu inúmeros documentos e estudos, desenvolveu programas para atender crianças e jovens, como também adultos e idosos. Construiu equipamentos esportivos por meio do orçamento e de emendas parlamentares por todo o país. Porém, sem uma estratégia ou visão política forte o suficiente para promover as transformações de forma permanente.
Não se conhece quantas pessoas são hoje atendidas em atividades físicas e esporte oferecidas pelos serviços públicos de esporte, educação, saúde e outros. Não se conhece. Não se tem essa leitura. Se a gente quiser, hoje, a gente consegue saber quantos atletas de judô a gente tem no país. Consegue saber quantos atletas da natação, porque não existe atleta se não tiver a carteirinha da Federação.
Agora, a gente não tem a mínima noção da parcela da população atendida ou não atendida efetivamente em ações, atividades físicas e esportivas. Para construir essa rede de atendimento à população, o esporte e a atividade física em larga escala, será preciso envolver diversos atores e a construção de diversas estruturas que conectem União, estados e municípios, assim como as pastas de Educação, Saúde, Assistência Social e outras.
Esse desenho foi bastante discutido em todas as conferências nacionais e foi bem organizado em 2015, a partir de um grupo de trabalho envolvendo dezenas de especialistas em todo o Brasil, de todo o Brasil. Ele resultou no desenho de um modelo de Sistema Nacional de Esporte, e que serviu inclusive de base para desenvolver o projeto da Lei Geral do Esporte. A Lei Geral desenha o Sistema Nacional do Esporte.
Essas propostas têm influência, referências internacionais, sistemas construídos na Inglaterra, sistemas construídos no Canadá, na Austrália, na Irlanda. Não são tirados do nada. Existe uma base para essa proposta e é essa a prioridade dessa pasta.
O presidente Lula, quando a gente teve a primeira conversa, ele disse que tinha ouvido falar que eu sou muito pavio curto e deu uma risadinha. Eu acho que isso tem a ver com a minha relação, com alguns episódios de uma longa relação com o COB, com confederações e até mesmo com o Conselho Regional de Educação Física já tive esses episódios. Mas... Eu quero dizer que continuaremos a ter esses episódios, se for o caso. Mas eu creio que não será. Porque nós temos setores do esporte que avançaram muito na organização.
Na organização e na estrutura do financiamento nessas últimas décadas, assim como legislações. Conquistamos legislações que fizeram avançar a gestão e o controle. Nós temos inúmeros temas e realizações para compartilhar e iremos fazer assim.
A Marta Sobral está aqui. Será a nossa secretária de Esporte de Rendimento. Ela e a equipe farão todos os esforços, como sempre foi feito, para apoiar todos os nossos atletas e profissionais do esporte em todas as dimensões.
Gabinete aberto
E o gabinete estará sempre aberto, sempre aberto. Da mesma maneira cuidaremos da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) e de todos os compromissos internacionais estabelecidos, assim como das obrigações de controle e educação antidoping. A Secretaria de Futebol e Torcida terá o professor José Luis Ferrarezi à frente. Junto com a equipe de colaboradores, né? Também apoiaremos a APFUT nas suas funções e eventuais desdobramentos. Essa gestão irá sempre ouvir a todos e buscar os melhores encaminhamentos.
No caso do futebol, o foco que teremos é na relação das torcidas organizadas com a nossa proposta do esporte como direito de todos. As torcidas organizadas mostraram grande capacidade de mobilização social em vários momentos dos últimos anos. Avaliamos como muito positiva a humanização e ampliação dessas relações.
O Diogo Silva é outro companheiro que está aqui, por favor. Ele se junta a nós nessa gestão. Ele tem participado e se capacitado em várias frentes na gestão do esporte, especialmente nas comissões de atletas. Primeiro do taekwondo e depois do COB. Nós começamos a trabalhar na segunda-feira e ainda estou conversando com outros futuros parceiros que irão chegar aos poucos. Em algumas semanas pretendemos ter o time completo.
Janela de oportunidade
Nós já começamos a trabalhar as primeiras agendas, que serão, como já foram avisados, os ministros Camilo e a ministra Nísia. Como pedido pelo presidente Lula, o desafio da Educação é a escola integral e o esporte tem muito para contribuir com isso. Assim como na saúde, que o desafio é saúde para todos, e não existe saúde sem atividade física.
Eu sei que todos nós já ouvimos milhares de vezes esse mesmo discurso. Eu especialmente. Mas dessa vez, a janela de oportunidade é única, porque há um direcionamento e um grande entendimento do nosso presidente Lula. E isso faz toda a diferença. Eu diria mesmo que o milagre aconteceu nessa área para quem defende o esporte como direito de todos. Eu acho que não seria eu nessa cadeira se não fosse essa a intenção. Nós temos duas legislações importantes, que são a Lei Geral do Esporte, que estabelece o Sistema Nacional, e o Plano Nacional de Esporte.
Nós vamos dar um foco grande nessa conversa com o Legislativo e com os outros setores para que essas legislações avancem e possam dar a base para avançarmos com nossos índices de participantes. Ter mais gente fazendo esporte. O grande desafio, então, é o processo de implantação em escala, por todo o país. Criar estruturas que proporcionem o acesso ao esporte para a população.
Ao desenhar o Sistema Nacional do Esporte, é preciso construir o espelhamento dessas estruturas nos níveis estadual e municipal. Da mesma forma, o Plano Nacional do Esporte também tem que se espelhar. É preciso que todos assumam essas metas de atendimento previstas e busquem os meios para alcançá-las. Nós estamos falando da articulação de espaços físicos, esportivos, de recursos humanos, de qualificação dessas estruturas, de capacitação dos recursos humanos, de levantar informações precisas em cada território, articular os diferentes atores, mobilizar os recursos e implantar esses programas e ações.
É preciso muita intencionalidade nesse processo para que, efetivamente, seja possível oferecer muito mais vagas para a população frequentar regularmente atividades físicas e esporte em cada município brasileiro. Em todas as regiões. As metas para esse atendimento devem ser estabelecidas pelo Plano Nacional do Esporte e que terá que ser gradualmente ampliada a cada período até chegar 100% da população.
Gradativo
Não faremos isso no primeiro período de quatro anos. A gente está muito defasado. Não tenho a expectativa de alcançar 100% como está no plano. Hoje, o Plano Nacional coloca na Diretriz 1 a meta de chegar a 100% dos alunos com educação física, com esporte, enfim. Nós não sabemos direito nem quanto a gente tem hoje. Então, nós temos que estabelecer metas factíveis e gradativas. Esse é um cuidado que a gente vai ter na conversa do Plano Nacional.
Nossa proposta é conquistar aos poucos todo o território nacional e organizar redes de desenvolvimento local do esporte. Distribuídas por todas as regiões do país. A proposta nossa é organizar essas redes nacionais a partir de centros de rede, que são instituições como os Centros de Iniciação Esportiva (CIEs), que foram construídos às centenas nos últimos anos e que têm algumas dezenas em funcionamento.
Buscar acompanhar a organização dos municípios que é feita no IBGE. A divisão entre grandes músicos e municípios intermediários e que conectam com a totalidade dos 5.500 municípios. Então, existem estratégias para que a gente possa ir ocupando o território nacional.
Há várias opções de organização, mas o principal é articular instituições e projetos que estejam alinhados com os seguintes princípios:
1. Incentivar a prática de atividades físicas na população.
2. Fomentar as ações, programas e projetos que atuem na região, sejam elas públicas ou privadas
3. Qualificar e fortalecer a atuação desses atores públicos e privados.
Essa é uma das propostas que pretendemos desenvolver, juntamente com todas as dimensões do setor esportivo, mas também envolver fortemente as outras políticas sociais. Acredito que essas redes regionais têm o potencial de se tornarem ambientes organizados, onde há outras políticas sociais. Encontrar os caminhos para interagir com as populações locais. O esporte, segundo diz o Manuel Sérgio, é participação e integração.
Todas as políticas atendem à mesma população e é necessário criar pontes de integração entre as políticas que queremos mostrar para o povo brasileiro. E o esporte tem o potencial para exercer esse papel. Essa é a nossa proposta e para isso nós vamos precisar de todos e de todas, mais uma vez.
O esporte tem muitas dimensões. Todas têm e podem trabalhar juntas para construir um país mais justo, solidário e capaz. Com mais capacidade produzir, capacidade de viver bem, de conviver, de cuidar dos espaços públicos, de cuidar da comunidade, cuidar dos irmãos, cuidar de todos. Incluir mulheres, incluir negros, incluir gays, incluir ricos, pobres e pessoas com deficiência, autistas. Todas as pessoas. Todos são todos. Pessoas que moram em cidades grandes, pessoas que moram em cidades pequenas. Cidades grandes talvez tenham muito mais limitações hoje em dia, mas todos têm de estar integrados na mesma política.
Eu queria finalizar agradecendo à minha família, agradecendo à Adriana, querida, a Stephanie, minha filha querida. O meu filho Pedro, querido, que está lá em cima, porque ele é autista e ficou mais tranquilo lá. Ele esteve na posse do presidente por bastante tempo e foi sofrido. Então ele ganhou o handicap de ficar onde ele quiser.
Eu queria agradecer... Foi falado do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC)? Estou vendo vocês aqui. Por favor. Também não falei dos indígenas. Já está acertada a inclusão de uma posição para tratar do esporte indígena, mas também do esporte nas comunidades indígenas.
Queria agradecer aos servidores, todos, os que estão aqui e os que não estão. Queria passar uma mensagem: quando eu jogava, o pessoal achava que eu era triste ou brava. Eu só era séria e focada. E assim sou. Séria e focada. Mas não brigo, não mordo, não sou assim tão pavio curto. Vou contar com todos vocês.
Queria agradecer à pequena equipe de servidores que está hoje comigo. Pessoas que estiveram na transição e estão até hoje. Ajudando a gente a montar a equipe. E falar que, enfim, começamos antes de ontem e só paramos daqui a quatro anos. Muito obrigado.
Eu tenho que fazer só algumas menções. Primeiro ao nosso Rei Pelé, que nos deixou esta semana, e também fazer uma menção a Isabel Salgado, que sempre esteve inteira presente com várias coisas que a gente defende aqui e inclusive nesse processo eleitoral. Fazer também menção ao doutor Sócrates, essencial em muitas das nossas caminhadas.
Sobre o Pelé, eu queria dizer outra coisa. Acho que já deram nome dele para avenidas, para estádios, para ginásios. Eu acho que deveria se dar o nome do Rei Pelé para escolas, muitas escolas, porque os alunos dessas escolas que teriam o nome do Rei Pelé aprenderiam sobre a imensa história dele. Pelé é muito da história do esporte brasileiro e isso precisa ser mantido. Então, se eu puder fazer algum apelo aqui, seria para que adotassem o nome do Rei Pelé em muitas escolas pelo Brasil.
Brasília 4 de janeiro de 2023