Resumo

Introdução: A distribuição de prática refere-se à proporção temporal atribuída à prática e ao descanso, envolvendo decisões a respeito de suas durações e frequências, ou seja, os momentos em que os intervalos de descanso são administrados entre tentativas, blocos e/ou entre sessões. Há evidências de vantagens da prática distribuída na aprendizagem motora e que as características da tarefa podem determinar os efeitos dessa distribuição. Entretanto, poucos estudos investigaram o efeito dessa variável na aprendizagem de habilidades seriadas, que, por não serem breves em duração, podem acarretar em acumulos de fadiga, impactanto o desempenho e a aprendizagem, e sob o modelo de processo adaptativo em aprendizagem motora, a distribuição de prática ainda não foi investigada como variável independente. Objetivo: Investigar o efeito da distribuição de prática no processo adaptativo na aprendizagem de uma tarefa seriada. Método: O experimento envolveu a aprendizagem de uma tarefa de tempo de reação seriado, que consistiu em realizar, o mais rápido possível, 10 cliques com o mouse, em alvos circulares que eram apresentados sequencialmente no monitor. O delineamento conteve as fases: pré-teste (20 tentativas sem conhecimento de resultados - CR), estabilização (100 tentativas com CR) e adaptação (35 tentativas, com modificação da sequência e sem CR). Os graduados (26) e graduandos (34), 20 homens e 40 mulheres, com idade média de 26,5±5,1 anos, destros (56) e canhotos (4), sem experiência prévia na tarefa a ser aprendida, normovisuais ou com visão corrigida e sem deficiência física no membro superior dominante, que concluíram todas as fases experimentais propostas foram pareados por sexo em dois grupos: Massificada, 100 tentativas sem descanso, e Distribuída, cinco blocos de 20 tentativas, com dois minutos de descanso entre eles. A variável dependente foi o tempo total (TT) de movimento e a percepção subjetiva de fadiga física (FF) e mental (FM) foram as medidas complementares. Os dados foram organizados em blocos de cinco tentativas e como os pressupostos de normalidade não foram atendidos, mesmo com a transformação recíproca, foram realizados testes não paramétricos. Resultados: Os dois grupos aumentaram a FF e a FM de antes do pré-teste para o final da estabilização, mas não houve diferença significativa entre os grupos na FF nem na FM. No último bloco do pré-teste não houve diferença no TT entre os grupos, indicando que eles partiram de desempenho semelhante. Os dois grupos reduziram o TT do primeiro para o último bloco da estabilização, com tamanho de efeito grande. No último bloco da estabilização, o grupo Distribuída apresentou menor TT do que o Massificada, com médio tamanho de efeito. Com a modificação na tarefa houve uma tendência de superioridade do grupo Distribuída no primeiro bloco da adaptação, com pequeno tamanho de efeito e superioridade no segundo bloco, com médio tamanho de efeito. Não houve diferença entre grupos nos demais blocos da adaptação. Conclusão: A prática distribuída promoveu estabilização em um nível superior de desempenho e beneficiou o processo adaptativo em aprendizagem motora.

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