Resumo

A pesquisa analisa as formas de problematização das relações entre corpo e novas ,tecnologias efetivadas pelas produções discursivas da mídia e do campo acadêmico. Trata-se de pensar como a relação entre corpo e tecnologia vem se tornando uma ,problemática, que práticas discursivas, associadas a uma dispersão de práticas ,coexistentes e laterais, têm feito esta questão emergir como objeto para o pensamento. As práticas discursivas analisadas indicam a configuração de uma nova formação ,discursiva – que nomeamos de "pós-humana" – marcada por uma mutação ,arqueológica: a passagem do corpo-máquina ao corpo-informação. A análise ,demonstra que, se, por um lado, os discursos agenciados ao dispositivo das novas ,tecnologias operam importantes desconstruções das oposições metafísicas ,homem/máquina, humanos/não-humanos, natural/artificial, natureza/cultura que têm ,sustentado o pensamento ocidental, particularmente seu veio antropocêntricohumanistaao revelar, por exemplo, momentos de indecidibilidade quanto à agência ,humana; por outro, foi possível apreender no corpo dos discursos uma série de ,ambigüidades que revelam dificuldades na ultrapassagem dessas oposições, momento ,em que identificamos elementos de permanência, de continuidade e de repetição da ,própria metafísica, como a oposição mente/corpo. Daí que a configuração de nova ,formação discursiva não significar necessariamente uma "superação da metafísica". Identificamos que a multiplicidade de práticas imagético-discursivas que investem o ,corpo hoje é delineada pelo a priori histórico da informação, definido pela junção da ,cibernética, tecnologias da informação e biologia molecular, que estão na base das ,práticas de digitalização e virtualização dos corpos. É nesse solo arqueológico que ,acreditamos encontrar a condição de possibilidade das novas configurações em que se ,inscrevem os discursos sobre corpo ciborgue, corpo informação, corpo pós-humanoque hoje vemos plasmar tanto a mídia como o campo acadêmico. De uma perspectiva ,arqueo-genealógica, entendemos que essas práticas discursivas estão elas mesmas ,ancoradas em novas modalidades de poder-saber que acabam por dar ensejo a uma ,indefinida possibilidade plástica de operar com o corpo – devendo por isso mesmo ser ,tematizadas no âmbito do diagrama das forças que as cartografam.

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