Do Corpo Produtivo Ao Corpo Emocional: Docilização dos Trabalhadores?
Por Iracema Soares de Sousa (Autor).
Em VII Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
O processo de trabalho na indústria vem passando por modificações: do Taylorismo - Fordismo chegamos ao Toyotismo. Uma destas modificações internas ao modo como se organiza o trabalho, é a inclusão da ginástica como elemento integrante do processo produtivo. Esta forma de organização originária do Japão (O Toyotismo), inquieta-nos no que diz respeito aos possíveis sentidos sociais que os trabalhadores brasileiros possam estar imprimindo a esse trabalho corporal. Assim sendo, esta pesquisa realizada numa indústria de Minas Gerais, em 1.998, tratou da relação entre o corpo biológico e o corpo social (lúdico), buscando analisar/interpretar os códigos que uma ginástica laborai possa conter enquanto atividade dirigida(educativa) e ao mesmo tempo, ser veículo de manifestação social. Na coleta de dados se utilizou da abordagem metodológica etnográfica com entrevistas, observações, privilegiando-se o "registro de campo ampliado". Constatou-se que a ginástica laborai abre a possibilidade do trabalho corporal assumir o estatuto de uma cultura não somente disciplinar, mas que possa expressar diversos sentidos sociais. Identificou-se na indústria, que há uma apreensão corporal por parte dos sujeitos pesquisados, carregada de uma gramaticalidade conveniente tanto para o patrão quanto para o empregado, ou seja, o último é passível de submissão e treinamento nos moldes de um perfil definido pelo modelo de organização do trabalho da empresa. Há portanto, uma nítida adaptação dos corpos por necessidade de vender a força de trabalho para sobreviver, sem a consciência dos sujeitos para esta perspectiva, forjando assim, um amálgama entre o corpo produtivo e o corpo lúdico ou emocional.