Resumo

Esta tese tem como objetivos principais: conhecer e analisar os sentidos de docência e de cuidado, identificados em três obras de literatura acadêmica e pedagógica; e examinar de que modos os sentidos identificados e analisados nas três obras concorrem para a constituição de um modo de ser e agir docente. Esses objetivos estão articulados a movimentos que não podem ser descolados daquilo que o tempo e o seu presente propõem para a docência, para o cuidado e para a formação. Neste sentido, olhar por dentro dos sentidos evocados nas obras analisadas permite entender melhor como somos convocados a conduzir dos nossos modos de ser e de agir para exercitarmos a docência. No caso desta tese, foram analisadas as obras: O mestre ignorante – Jacques Rancière (2007), O mestre inventor – Walter Kohan (2014) e Esperando não se sabe o quê: sobre o ofício de professor – Jorge Larrosa (2018). Os documentos são tomados nas suas condições de possibilidade enquanto produtores de sentidos na relação entre sujeito e verdade. Na perspectiva de Jacques Le Goff (o documento entendido como um monumento, por meio do qual pode-se identificar rastros discursivos que precisam ser organizados em conjuntos e analisados). Embasada na perspectiva pós-estruturalista, a tese aproxima-se dos estudos desenvolvidos por Michel Foucault sobre o cuidado de si, para analisar os modos de ser e agir docente na relação entre sujeito e verdade. O cuidado de si é compreendido como um conceito ferramenta para o exercício analítico. A tese defendida é de que, nas obras de pedagógicas acadêmicas, produz-se uma docência cuidadosa, docência essa em que em que o professor é convocado a olhar para o outro de determinada forma. Mais ainda, uma forma de docência em que o professor é convocado a olhar para si de determinada forma. Para sustentar a tese da docência cuidadosa, busca-se examinar de que modos os sentidos de docência e de cuidado identificados nas três obras concorrem para a constituição desta docência cuidadosa. A tese é um convite para olharmos a docência vinculada aos modos de ser e de viver; uma proposição para pensarmos a docência como modo de vida, que que estabelece uma relação com o ethos docente e que, como isto vai provocar, o pensar a docência como um modo de vida ou, como Foucault propõe, como uma estética da existência.

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