Resumo

Este estudo trata do acompanhamento de um processo de subjetivação docente e tem por objetivo compreender quais forças atravessam a constituição de uma experiência na docência em educação física (EF). Operamos com a cartografia (ROLNIK, 2016), assumindo principalmente um modo de agir pesquisador/cartógrafo e elegemos algumas das relações estabelecidas na escola como pistas para pensar a subjetividade docente, a saber: professora-instituição/pares/EF. Essa cartografia considerou a elaboração de um diário de bordo pela professora iniciante na rede pública, este constituiu-se de narrativas acerca de alguns dos acontecimentos vivenciados na escola. Como ferramenta de análise utilizamos principalmente a noção de processo de subjetivação (FOUCAULT, 2014) compreendida a partir de três elementos: o assujeitamento ou a inserção de um sujeito em determinada ordem discursiva; as técnicas, entendidas como estratégias que garantem que os sujeitos se mantenham assujeitados e reproduzam certos discursos, e não outros; e a subjetividade, aquilo que o sujeito valida sobre si mesmo, como ele se vê, se narra, se julga, e se conduz (FOUCAULT, 2014). Apontamos a racionalidade neoliberal como uma fonte de produção discursiva sobre a conduta docente, que atua sobre a construção de uma subjetividade na qual a professora é incentivada a sempre fazer mais e melhor autogerindo tanto sua busca pela aquisição de “novos” conhecimentos quanto manter altos níveis de produtividade (BALL, 2002). As avaliações constituem-se como uma das técnicas, por orientar modos de ser partindo de princípios e valores como a competitividade e a responsabilidade pessoal pelo sucesso da instituição (DARDOT; LAVAL, 2016). Os discursos pedagógicos também compõem a produção da subjetividade docente, e são acessados em diferentes etapas da formação. São formulados a partir do discurso instrucional, que diz sobre as competências para o trabalho; e do discurso regulador, que se refere a conduta moral para a realização do trabalho (LOPES; MACEDO, 2011).

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