Domínios da capacidade intrínseca são capazes de predizer o desempenho de marcha sem e com dupla tarefa de pessoas idosas?
Por Diógenes Cândido Mendes Maranhão (Autor), Fernando Angelo (Autor), Jaqueline Da Silva Moura Rodrigues (Autor), Julia De Castro Silva (Autor), Rodrigo Cappato De Araújo (Autor), Juliana Daniele De Araújo Silva (Autor).
Em 47º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
A capacidade intrínseca é a combinação de capacidades físicas, mentais e sensoriais que identificam atributos positivos associados ao envelhecimento saudável. É importante compreender seu impacto em aspectos relacionados com o desenvolvimento de demência e declínio de marcha. Objetivo: Analisar a capacidade de diferentes domínios da capacidade intrínseca e fatores associados (nível de atividade física, sexo e escolaridade) de predizer o desempenho de marcha com e sem dupla tarefa de idosos. Métodos: Este é um recorte transversal com dados preliminares da linha de base da coorte intitulada FREVO – Fatores de Risco do EnvelhecimentO, aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade de Pernambuco – Campus Petrolina (CAAE 69901423.9.0000.5191). A amostra incluiu 91 idosos (76,9% mulheres, idade média 70,3 ± 6,5 anos; IMC médio 27 ± 4,3 kg/m²; 64,8% com mais de 12 anos de estudo; 58,8% fisicamente ativos). Os domínios da capacidade intrínseca foram avaliados pelo MoCA (cognição), SPPB (locomoção), Escala de Depressão Geriátrica (bem-estar psicológico), teste de Snellen para visão e teste de sussurro (ambos do domínio sensorial) e Mini-Avaliação Nutricional (vitalidade). A marcha foi analisada pelo Timed Up and Go, sem e com dupla tarefa. Os escores cognitivos foram calculados com o participante sentado, incluindo tentativas com verbalização de nomes de animais e contagem regressiva. Foram medidos o tempo de marcha, e o número de animais e subtrações nas execuções com dupla tarefa. Também foram calculados o Custo Motor e o Custo Cognitivo de Dupla Tarefa em cada condição cognitiva, bem como as médias dos resultados entre as duas tentativas de cada avaliação. Estatísticas descritivas e uma análise de regressão multivariada ajustada por sexo, escolaridade e nível de atividade física foram realizadas com o software Jamovi 2.5.6.0. Resultados: As médias de marcha foram de 9,47 ± 2,84 segundos na marcha tradicional, e 11,7 ± 3,93 e 11 ± 3,74 segundos com verbalização de animais e com contagem regressiva, respectivamente (Tabela 1). Modelos estatisticamente significativos mostraram que, em nossa amostra, a cognição prediz o desempenho de marcha (b = -0,10; t = -2,16; p < 0,05) e o Custo Motor de Dupla Tarefa com contagem regressiva (b = -1,66; t = 1,76; p < 0,05). O desempenho no SPPB prediz o desempenho na marcha tradicional (b = -1,20; t = 0,15; p < 0,01), com verbalização de animais (b = -1,37; t = -5,95; p < 0,01), e o Custo Motor de Dupla Tarefa com contagem regressiva (b = -1,89; t = -2,17; p < 0,05). O bem-estar psicológico prediz o desempenho de marcha com contagem regressiva (b = -0,29; t = - 2,15; p < 0,05), e a vitalidade é preditora do Custo Motor de Dupla Tarefa com contagem regressiva (b = 3,05; t = -0,57; p < 0,05). Também foi observado que o sexo prediz o desempenho na marcha tradicional (b = -1,60; t = -3,00; p < 0,01), e a cognição prediz o número de animais e de subtrações no escore cognitivo sentado (b = 0,23; t = 5,39; p < 0,01 e b = 0,40; t = 0,44; p < 0,01), respectivamente. Conclusão: Apenas o domínio de capacidade sensorial (visão e audição) não foi capaz de predizer o desempenho de marcha. Dentre fatores associados, foi observada influência apenas do sexo na predição da marcha.