Resumo

APRESENTAÇÃO
Muitos antropólogos, nas duas últimas décadas, têm contribuído para a compreensão do lugar dos esportes na modernidade, revelando dimensões decisivas dos sistemas socioculturais atuais.1 Mas, sem qualquer sombra de dúvida, os três aqui reunidos neste primeiro dossiê da Antropolítica vêm contribuindo de modo particularmente relevante para o debate internacional sobre o tema. A reflexão sobre as práticas corporais que, a partir de meados do século XIX, foram compreendidas como “esportes” (ELIAS, 1992), penetrando sob tal formato nos mais diversos espaços sociais, tem, nos textos deste dossiê, a demonstração plena de seu potencial e de seu vigor. Após deixar de ser uma temática acadêmica menor, explorando alguns aspectos das franjas e resíduos dos sistemas socioculturais, eventualmente folclorizados, o território que hoje já poderíamos chamar uma “antropologia do esporte” evidencia as possibilidades de renovação da reflexão antropológica, fornecendo  novos ângulos para questões clássicas e trazendo novas questões para o debate. Construída na esteira do inesgotável clássico de Marcel Mauss (1968), Les Techniques du Corps, que, em 1934, elaborava um programa de pesquisas ainda pouco percorrido, a “antropologia do esporte” lança um olhar mais detido à produção social dos corpos e das performances corporais, mas o faz dentro dos mesmos princípios sociológicos maussianos, recusando uma visão fragmentada da vida sociocultural.

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