Resumo

O estresse oxidativo é caracterizado pelo desequilíbrio entre agentes oxidantes e antioxidantes, podendo gerar dano celular e diminuição do rendimento físico. As análises dos marcadores de estresse oxidativo são feitas no plasma, porém são invasivas e não muito bem recebidas pelos atletas. Uma alternativa menos invasiva é a análise destes marcadores na saliva. O objetivo deste estudo é avaliar os marcadores de estresse oxidativo e lesão celular dos jogadores após duas partidas consecutivas durante campeonato de futebol em sangue a saliva. Vinte e um jogadores de futebol profissional do campeonato estadual da primeira divisão participaram do estudo. Finalizaram a pesquisa um total de oito (8) atletas (27,2 ± 5,5 anos). Foram realizadas 6 coletas em oito dias: repouso, imediatamente após primeiro jogo, 48hs após, imediatamente após segundo jogo, 24hs e 48hs após segundo jogo. A concentração de lactato após os jogos foi de 7,2±2,2 e 5,9±3,1mmol/L, respectivamente. Visando avaliar o estresse oxidativo dos jogadores, a capacidade antioxidante total (CAOT) foi medida por DPPH. A CAOT não se mostrou diferente no plasma e na saliva. A peroxidação lipídica foi aumentada em 51,1% 48hs após o 2o jogo (1,27±0,19nmols/mL) quando comparado ao repouso (0,84±0,12nmols/ml) e aumentou imediatamente após os jogos na saliva. A concentração de ácido úrico plasmático mostrou-se aumentada em 115,4 e 127,3% 48hs após o 1º jogo (18,1±0,91U/mL) e 24hs após o 2o jogo (19,1±1,01U/mL) em relação ao repouso (8,4±0,1U/mL) no plasma e diminuída na saliva 48hs após o segundo jogo. O GSH (4,7±1,7uM - repouso) aumentou significativamente 48hs após o 2o jogo (7,4±2,6μM). GSSG (0,51±0,04uM) aumentou 6 vezes 24hs (3,23±1,15μM) e 10 vezes 48hs (5,3±1,9μM) após o 2o jogo. A relação GSH/GSSG que caracteriza o balanço redox foi reduzida em 84% 48hs após o 2o jogo, mostrando que há consumo de antioxidantes com prevalência de moléculas oxidadas. Na saliva o GSH total apresentou redução 48hs após o segundo jogo. CK aumentou aproximadamente 120% no plasma após todos os momentos em relação ao repouso (79,9+15,1U/mL). A concentração de TGP e TGO aumentou em 16% e 7 vezes somente 48hs após o 2o jogo. GGT aumentou em 55% após 2o jogo e 41,9% 48hs após o 2o jogo. A razão GSH/GSSG plasmática apresentou resposta similar ao GSH total na saliva, já TBARs mostrou maior sensibilidade na saliva imediatamente após os jogos quando comparadas ao plasma, que só apresentou esse efeito 48hs após o segundo jogo. As duas partidas consecutivas foram suficientes para gerar desequilíbrio redox na saliva e no plasma. O intervalo entre os jogos não foi capaz de recuperar os atletas e as transaminases parecem ser mais sensíveis do que CK para caracterizar o dano oxidativo.

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