Editorial
Em Discorpo, n 2, 1994. Da página 4 a -
Resumo
Quando fechávamos a revista, um fato nos chamou a atenção, exatamente porque é um exempío da visão fragmentária de homem e de suas conseqüências: um estudante de 22 anos que injetou em seu corpo remédio utilizado em cavalos. O jovem acreditava que o medicamento seria capaz de aumentar a sua massa muscular e acabou falecendo. Nesse infeliz acontecimento, a visão fragmentária de homem se manifesta na tentativa descabida de se atingir um modelo ou modelos de beleza impostos pela sociedade.Tudo se faz. Milhões de pessoas se submetem às sessões de torturas, às atividades físicas extenuantes, às cirurgias desnecessárias, à utilização de drogas e a uma infinidade de ações doentias. Enquanto muitos sofrem, alguns lucram com isso. Somente a falta de uma reflexão profunda pode justificar tamanho contra-senso: busca-se uma vida saudável agredindo o corpo. A fragmentação idealista entre corpo e mente assume sua face mais cruel na morte desse jovem, que não é o primeiro e, infelizmente, não será o último.