Integra

A avaliação da produção científica em educação física e ciências do esporte é o foco central deste número. Apesar de não ser uma novidade no nosso campo é um tema que percorre a própria estruturação da área pautando inúmeras discussões em congressos científicos, periódicos, programas de pós-graduação e diferentes fóruns de debates. Ganha maior visibilidade na atualidade com a consolidação do sistema de avaliação da Capes, do CNPq e de outras instituições de fomento à produção do conhecimento. Se por um lado as exigências advindas destas instituições têm promovido uma produção acadêmica mais intensa na área, e de um modo geral mais qualificada, por outro traz conseqüências específicas para determinadas pesquisas nas subáreas que merecem uma avaliação mais cautelosa sobre os critérios por elas adotados. Essas questões têm provocado uma série de debates no campo da educação física e ciências do esporte tais como quantidade e qualidade da produção, difusão do conhecimento produzido, impacto e inserção social das pesquisas desenvolvidas tratadas aqui nos diferentes artigos publicados. Não por acaso, o Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte elegeu a “Política científica e produção do conhecimento em educação física” como tema central dos debates do XV Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte e II Congresso Internacional de Ciências do Esporte, um dos maiores eventos organizado no Brasil, realizado entre os dias 16 e 21 de setembro de 2007 em Recife. Ocasião mais do que propícia para o lançamento deste número da RBCE, que além de fomentar discussão sobre tema tão substancial para o campo, apresenta sua nova formatação: seção temática, composta por manuscritos originais ligados ao tema indicado para o número em questão e espaço aberto, congregando textos inéditos não necessariamente ligados ao tema em foco. A seção temática estréia com dez textos tratando da política de publicação de periódicos científicos na área de educação física; avaliação da pós-graduação no 8 Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 29, n. 1, p. 7-8, set. 2007 Brasil e a imposição de regras de publicação; critérios dos órgãos financiadores de pesquisa para escolha de projetos em ciências do esporte; produção científica da subárea sociocultural da educação física; a produção na forma de livro e seu impacto como indicador da produção intelectual na grande área da saúde; o debate na comunidade científica da educação física sobre os critérios de avaliação da pósgraduação no Brasil; um balanço das pesquisas produzidas por pesquisadores que atuam na região Nordeste do Brasil; a produção do conhecimento na educação física pela ótica do conceito foucaultiano de regime de produção de verdade; a produção científica na área da educação física e terceira idade; e, por fim, a produ- ção do conhecimento em educação física brasileira e os diálogos com os movimentos sociais e a cultura popular. Em espaço aberto temos três textos que trazem as seguintes abordagens: verificação dos efeitos do exercício aeróbio prévio no ciclismo a 50 e 100 rev.min-1 na força muscular; análise etnográfica sobre o modo como sócios da Sociedade Esportiva Recanto da Alegria de Porto Alegre vivenciam o envelhecimento; análise da “gramática de identidade” utilizada pela mídia para engendrar a identidade nacional brasileira por meio do esporte. Os textos que compõem as duas seções deste volume dão mostras da vitalidade deste periódico que desde 1979 vem literalmente escrevendo a história da educação física brasileira. O reconhecimento mais recente dos esforços empreendidos por diferentes editores/as nestes últimos anos foi reconhecido pela Capes com o conceito “Internacional C” (Qualis 2004-2006). É cada vez maior o número de autores estrangeiros que têm investido em nosso periódico para divulgar sua produção no Brasil, assim como também tem sido cada vez mais intensa a submissão de artigos nacionais de distintas subáreas da educação física/ciências do esporte. A longevidade e o prestígio alcançado pela RBCE estão, entre tantos fatores, diretamente relacionados a sua autonomia editorial e à capacidade de se reinventar a partir das críticas de nossos/as conselheiros/as, revisores/as, colaboradores/as, leitores/as e associados/as. Esperamos que as novas normas de publicação e o novo formato nos levem ainda mais longe... Boa leitura!

Alex Branco Fraga Silvana Vilodre Goellner

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